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terça-feira, 5 de maio de 2009

Mulheres... lágrimas, perfumes, testemunho

CARDEAL D. EUSÉBIO OSCAR SCHEID
Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro
13 de abril de 2004



Tenho diante de mim, para enaltecer as mulheres, três grandes escritos, verdadeiros monumentos de saber e seriedade: “Die Ewige Frau” (“A mulher Eterna”) de Gertrude Von le Fort, “Die Frau, ihre Aufgabe nach Natur und Grade” (“A mulher: sua missão consoante, natureza e graça”) da Santa Doutora Mártir Edith Stein e “As Fronteiras da Técnica”, livro ainda sempre clássico, de Gustavo Corção. Este autor, tão polêmico nos tempos de sua ancianidade e tão admirável em seus escritos da jovem-maturidade, remata o capítulo VI, sobre a “Missão da Mulher” com este apelo veemente: “Quem ainda duvida que nós precisamos do socorro e da ajuda feminina? Nós precisamos da mulher. Não somente em casa, como às vezes se diz. Mas, na cidade, no mundo, na civilização. Precisamos que venham, mas que venham realmente como mulheres, isto é, com a paciência do véu e com a impaciência do amor!”

Essas duas citações, por si só, bastariam para justificar o cabeçalho deste artigo. Contudo, não posso furtar-me, em clima pascal, de me apoiar sobre os Evangelhos, especialmente nos sinóticos, para confirmar todos e cada um dos predicados, acima enunciados. Os Evangelistas falam, dezenas de vezes, de um determinado “grupo de mulheres”, conhecidas bem, conhecidas na comunidade de então; falam de “muitas mulheres”, de “outras companheiras”, que se destacaram na aparente tragédia da Paixão e na epopéia da Ressurreição do Senhor Jesus.

Sua história é a fidelidade ao Mestre, desde os primórdios de sua vida pública até o seu término no aguardo da vinda do Espírito Santo (At 1,44): “... ajudaram a Jesus e aos apóstolos, prestando-lhes serviços com os bens que possuíam” (Lc 8,2-3; Mt 27,55-56). Quais foram essas ajudas, esses bens e serviços? Somente as mulheres, assim penso, saberão responder ao certo... como fariam nossas mamães... a respeito do trabalho que lhes demos. Elas entenderam mais sensivelmente o sofrimento, as calúnias, o vexame da condenação de um inocente, a flagelação e humilhante coroação de espinhos, o caminho da cruz. Lá estão “as mulheres, muitas mulheres” a ofertar o apoio da presença, a solidariedade e ... as abundantes lágrimas. Olham, contemplam, ficam estarrecidas diante do golpe da lança cruel que perfurou o mais terno dos Corações (Jo 19,37) e acompanham o Corpo do Cristo até à sepultura, oferecida por José de Arimatéia. Depois de tudo, “ainda ficam sentadas aí, frente ao sepulcro de Jesus” (Mt 27,61): ofertavam “a impaciência do amor, jamais desmentido”, como dizia Gustavo Corção. Essa “impaciência do amor” se desdobra no preparo de aromas e perfumes, tributo de saudade a Quem lhes perfumara a vida com a quebra de preconceitos, com a amizade e o perdão.

Querem, pelo menos, honrar com o embalsamamento aquele pobre corpo, chagado e desfalecido da melhor Pessoa que haviam conhecido e amado.

Para tanto, terminado o repouso prescrito do sábado, apressam-se “de madrugada” para ir ao encontro do “seu Senhor”: com perfumes e bálsamos (Lc 24,1). Não basta “a impaciência do amor”, pois, imediatamente desponta – como radiosa manhã – a fé ardente apoiada nas misteriosas palavras de Jesus sobre a Ressurreição: “Então, as mulheres se lembraram (com fé) das palavras de Jesus” (Lc 24,8). Mas o bom Mestre e Amigo não as deixa apenas com a visão e mensagem dos anjos, com a visão da pedra removida e do sepulcro vazio, mas... “de repente, Jesus mesmo foi ao encontro delas e disse: ‘Alegrem-se!’ As mulheres se achegaram e se ajoelharam diante de Jesus, abraçando-lhe os pés” (Mt 28,9). Imaginem a cena!...

Depois disso, o que lhes importa a zombaria dos demais, acusando-as de tolas e visionárias? Elas, o grupo e a Madalena (cf. Jo 20,1-14), haviam visto e abraçado o Senhor Ressuscitado. Restava-lhes dar só mais um passo: anunciá-lo aos irmãos e irmãs medrosos e descrentes. Elas o fazem com coragem, desde aquela hora até os nossos dias: “anunciaram tudo aos Onze bem como a TODOS OS OUTROS!” (Lc 24,9). São elas, portanto, as mulheres evangelizadoras do seguimento e serviço a Jesus, da persistência nas provações, da impaciência do amor por ocasião da morte, da delicadeza do silêncio ao redor da sepultura, da esperança-certeza da Ressurreição, do anúncio da VIDA NOVA... por serem “mães de todos os viventes” pela fé e pelo amor (cf. Gn 3,20).

Ainda hoje, grande parte da Evangelização, da Catequese, especialmente, se realiza com decidido apoio delas: jovens, adultas, senhoras e até envelhecidas na missão de anunciar o Cristo Senhor. Não há como não reprovar com veemência, quando as reduzem a mero objeto de propaganda ou de exploração mercantilista. Retenho que feminismo, quase sempre extremado, além de prejudicial à verdadeira imagem da “mulher eterna” é desnecessário e ofensivo. A mulher não carece de apologias ou apresentações de vitrine, mas que se apresentem na sua condição real e simpática: “...com a paciência do véu e com a impaciência do amor”, como apontava Gustavo Corção.

Agradecemos às mulheres do Evangelho a delicadeza que tiveram com o Cristo agonizante e já desfalecido. O amor delas foi persistente e sem medos. Tiveram assim, a recompensa de verem e ouvirem, por primeiro, a voz evangélica do anúncio da Ressurreição e de abraçarem o Redentor redivivo na mais alvissareira manhã da História. Parabéns a elas!

Fonte: Universo Católico

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