ARTIGOS, ESTUDOS, PREGAÇÕES E OUTROS TEXTOS

Neste espaço, estamos compartilhando uma coletânea de artigos, estudos, pregações, palestras e outros textos sobre diversos assuntos da Igreja Católica, selecionados de sites que respeitam e amam a nossa Igreja. A intenção foi disponibilizá-los como ferramenta a fim de conhecermos um pouco mais a nossa fé e doutrina. Não deixem de visitar as fontes!

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Grupo de Oração Chama de Amor

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Feliz Aniversário, Jesus!

Uma das boas lembranças que tenho de minha infância é a celebração de nossos aniversários.

Éramos pobres. Papai trabalhava de pedreiro, mas não deixava passar em branco nossas festas. Sabíamos, no dia dos nossos aniversários, que ao voltar do trabalho, ele traria junto ao embrulho da marmita, um outro embrulho de doces finos comprados na confeitaria, uma das melhores do Rio de Janeiro. Mamãe nos segredou, já no fim da vida, que papai fazia horas extras, a fim de ter o dinheiro necessário para comprar os docinhos. O nosso aniversário era uma data muito importante para o nosso pai.

Pensando nom Natal, o aniversário de Jesus, penso que deveríamos tratar essa data com mais atenção e carinho e precisávamos pensar nas horas extras que deveríamos fazer a fim de ter mais possibilidades de festejar a altura do aniversariante. Para meus irmãos e para mim, os docinhos que papai comprava eram a marca registrada da festa. Éramos crianças. E para Jesus? qual será a marca registrada da sua festa? Não serão os doces da “Colombo”, muito menos as tradicionais ceias, as bebidas.

Para Jesus, o doce mais doce será nosso coração dócil aos apelos do PAI... a solidariedade aos irmãos.

Para Jesus o que importa não é a sofisticação da árvore de natal, dos comes e bebes... Mas, a pureza e a simplicidade de cada coração transformado em gruta cálida e aconchegante para que Maria recline aí seu Filho Divino.

Jesus quer o fruto de nossas horas extras. Que horas extras?

Geralmente, inundados que estamos na preocupação natalinas, como cartões, compras, presentes, não temos tempo para mais nada. É preciso fazer hora-extra. Ele merece! Vamos rezar mais. Façamos mais, boas obras... Horas-extras de Amor. Vale a pena. Não vamos nos perder no supérfluo, no periférico.

Vamos à essência. Natal é a Festa do nosso Salvador.

Os doces são para Ele. Não vamos a Colombo... Vamos, no silêncio da oração, ao nosso interior e confeccionemos, nós mesmos, com cobertura de carinho para alegrar o coração do Menino Deus. Afinal de contas Ele é uma criança. Festa sem doce, não é festa. O doce é você. O doce sou eu. Sem você, a festa de Jesus, não será festa. Sem Jesus, a nossa festa não será festa. Só com Ele, poderemos cantar: Feliz aniversário, Jesus! Senão, tudo será mentira...

Fonte: Universo Católico

Por Padre Antônio Maria

Posso entrar? Sou eu, Jesus

“Este pedido de Jesus ressuscitado, feito à sua família e a você, pessoalmente, por ocasião da festa do Santo Natal, é rigorosamente real e verdadeiro”.

Jesus pergunta: “Posso entrar para festejar meu Natal em sua família? Posso entrar para fazer o Natal acontecer em seu lar? Posso entrar para comemorar meu aniversário com vocês? Posso entrar em você, em seu coração, em sua vida, para que você possa ter Natal?”

Este pedido de Jesus ressuscitado feito à sua família, e a você pessoalmente, por ocasião da Festa do Santo Natal, é rigorosamente real e verdadeiro. Ao mesmo tempo revela o significado profundo e funcional das festas do Santo Natal.”

Se sua resposta for: “Sim, bem-vindo, Jesus! Nosso festejado, nosso aniversariante! Sua presença, Jesus, representa o maior presente para o nosso Natal!”.

Tê-lo conosco é a maior honra e a mais profunda alegria para nosso Natal “. Se sua resposta for esta e for consciente do realismo, da efetiva presença, de Jesus Vivo, então, sua família, terá um Natal de verdade. Então, vocês celebrarão um Natal verdadeiro.

Lembro, que se a resposta for “SIM”, a presença de Jesus Vivo, o celebrado do Natal, é certa! Certíssima!

Por favo,r me leve a sério! Não estou falseando! Por acaso, não disse Jesus: Quando dois ou mais se reunirem em meu nome estarei no meio deles? Ele falou sério! Falou a Verdade! Portanto, se sua família se reúne para celebrara Jesus - Vivo pelo Seu Natal, por Seu Natalício, ela estará reunida por causa d’Ele, e Ele, com toda certeza, estará ali, em sua casa, no lugar de honra da mesa da ceia de Natal, acolhendo a celebração que lhe fizerem bem como os louvores, os agradecimentos e pedidos, e ouvindo o “Parabéns a você”.

Desculpe perguntar, mas você crê, no que você acaba de ler? Tem certeza no coração que isso pode e deveria ocorrer no Natal de sua família?... Ou você ainda acha que tudo isso é poesia natalina? Sentimentalismo vazio, auto-satisfação emocional?...”.

Sem Jesus vivo presente, não há Nata!

Pode haver festa, ceia, presentes, decorações, almoços festivos, mas...Não há NATAL!

Por Padre Alírio José Pedrini

Fonte: Universo Católico

A cruz, mistério central do Coração de Cristo

Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro

D. EUSÉBIO OSCAR SCHEID

30 de março de 2004

Sempre olhamos para o Crucificado com grande tristeza. Além de ter diante dos olhos a imagem mais cruel do Homem das Dores, vem-nos à lembrança a causa de tanto sofrimento: os pecados todos desde Adão até o final dos tempos estão retratados ali, naquela imagem de um desfigurado pela dor, ingratidão, pela paixão e pelo sofrimento da humanidade toda. O profeta Isaías, nos Cânticos do Servo de Javé, havia profetizado: “O mais belo dos homens perdeu toda sua beleza. Não mais parece nem mesmo gente. Aparece como ‘golpeado, humilhado, desonrado e triturado’” (Is 53,5).
Contudo, os Santos viam nEle a suma beleza, o maior objeto de esperança, a figura santa e verdadeira do Homem novo. Desta forma, a Cruz será o grande contraste, o desafio por definição. Por um lado demonstra a maldade do ser humano e, por outro, a grandiosidade do amor do Pai “que não poupou a seu próprio Filho” (Rm 8,32), e de Cristo que demonstra ali o maior amor pelos amigos, “morrendo por eles” (Jo 15, 13).

O Crucificado é, efetivamente, o centro da História humana. É naquela hora – a HORA entre as demais horas – que se realiza “a plenitude dos tempos” (Ef 1,10 e Gl 4,4). Como Jesus havia confidenciado, naquela HORA Ele iria atrair tudo para si. De fato, tudo se agrupa ao redor da cruz: os povos que andam nas trevas e os que avançam ao clarão da luz eterna; a história de cada pessoa e do universo todo adquire pleno sentido à sombra dessa cruz. É por isso que São Paulo nos fala do mistério da Cruz como o mistério central, o centro de toda a ciência e sabedoria. O Crucificado, no mistério de sua Paixão e Morte, nos assegura o aprendizado dos seus inesgotáveis tesouros de sabedoria e ciência.

Ao nos achegarmos ao Crucificado, contemplando-o com profunda compenetração, tornamo-nos seus alunos e, se formos dóceis aos seus ensinamentos, tornamo-nos seguidores dos seus passos todos... até mesmo dos ensangüentados.

“A Cruz está de pé, enquanto o mundo gira”, cantava-se em séculos passados, aparecendo, assim, a cruz como a rocha firme, o baluarte que não treme diante das coisas que passam. Ela é estável e firme! Ela está firme, enquanto os acontecimentos humanos se desenrolam a seus pés, transformados pelo sangue redentor.

A Cruz é também o grande sinal da esperança última: “Verão aparecer sobre as nuvens o sinal do Filho do Homem” (Mt 24,30). Os cemitérios, as lápides sepulcrais quase todas, estão assinaladas pela cruz. É a certeza de que “aqueles que morreram em Cristo, também ressuscitarão com Ele” (Rm 6,4). A cruz atravessa as sombras da morte, os muros do desconhecido mundo do Além, e abre novas esperanças, a visão preanunciada de uma vida nova de felicidade eterna: agregação conjunta de todos os bens e alegrias.

A Cruz, dizíamos, se nos apresenta como um grande contraste, um verdadeiro choque. Ali se defrontam o ódio máximo e o amor maior; o aparente fracasso e a vitória final, já iniciada; a justiça e a misericórdia; as luzes e as trevas; a tristeza da morte e o rebentar das “fontes da alegria de salvação” (Is 12,3). A Cruz nos estimula ao sacrifício, ao heroísmo e ao martírio. Nela os missionários de todos os tempos encontravam inspiração e impulso evangelizador. Todos os inumeráveis mártires de ontem e de hoje encontravam na Cruz o ideal e a força para o sofrimento e para o enfrenta-mento da própria morte, qualquer que fosse.

A Cruz, ainda hoje, nos irmana na solidariedade com os que sofrem: doentes, encarcerados, injustiçados, excluídos... Para todos eles (e para nós também) o Crucificado é a resposta: “Não temais, eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Ao nos persignarmos com o sinal do cristão – como aprendemos desde o Catecismo – professamos a nossa fé que brota da Cruz e nela se consuma como início da vitória final. Não percamos o lindo costume de enriquecermos as salas de estar, salas de aula, de decisões maiores, estabelecimentos públicos com a figura nobre e, ao mesmo tempo, interpeladora do Crucificado. É perene apelo à justiça e honestidade.

Ao contemplarmos um pouco mais de perto o Crucificado, entenderemos melhor os segredos de Jesus e teremos mais coragem para enfrentar os contratempos do dia-a-dia.

A Cruz é uma das grandes maravilhas de um amor sem limites e sem explicações, de um amor humano-divino de total doação.

Estamos nos avizinhando da Semana Santa que nos traz o ápice da nossa Salvação: Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. É momento de mergulhar mais a fundo no mistério da Cruz e da dor.

Todos nós, nas últimas semanas, fomos agraciados com o grandioso filme “A Paixão de Jesus Cristo” de Mel Gibson, que vou apreciar, neste nosso Jornal, na próxima semana.

Quando nos defrontamos com a Paixão de Jesus, começamos a entender um pouco mais a luta do mal contra o bem e a vitória que Cristo conquistou sobre esse mal trágico, que parece aninhar-se no fundo do coração de cada pessoa.

Cristo nos abre horizontes de luz para entender a dor e o sofrimento, assumindo-os em nosso nome.

Abre-nos as portas escancaradas da esperança sobre o eventual desespero do medo da morte mediante a gloriosa Ressurreição: fonte e garantia de vida nova.

O “sepulcro vazio” nos dá a certeza de caminharmos na direção da Vida Nova, conquistada por Cristo para cada um de nós. Sepulcros permanecerão sepulcros, quais instantes de passagem rápida e transitória para o abraço interminável da Eternidade feliz.

Disponibilizado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro

A vitória de Cristo

Mensagem do Cardeal D. Eugenio de Araújo Sales
Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro

O Apóstolo Paulo (Cl 1,24) nos convida a manifestar os sentimentos pascais nos seguintes termos: “Alegro-me nos sofrimentos suportados por vossa causa”. A comemoração da paixão e morte de Jesus é seguida, nas cerimônias litúrgicas, de uma grande alegria que é participada por todos os cristãos. A pedra do túmulo onde estava o Corpo do Senhor foi removida e Ele, por seu poder, ressuscitou. O pecado feriu o relacionamento filial do gênero humano com Deus. O Redentor, contudo, restabeleceu a amizade primitiva do Criador à sua criatura, embora perdurem as marcas da transgressão original, manifestadas pelo sofrimento que nos acompanha durante toda a nossa vida. A grande lição da Páscoa é a vitória da alegria sobre a dor, mesmo sem a suprimir. Essa visão transcendental é importante para cada um de nós.

São Paulo, escrevendo aos Coríntios (1Cor 15,14), salienta o valor desse domingo, no qual Cristo ressurgiu glorioso do seu sepulcro, vencedor da morte: “Se Cristo não ressuscitou, é vã nossa pregação e também vã a vossa fé”. Os discípulos de Jesus, após sua morte, encontravam-se mergulhados no atordoamento causado pelas recentes e trágicas ocorrências. Lemos no Evangelho de São João (20,19): “Estando fechadas as portas onde se achavam os discípulos por medo dos judeus”. No entanto, circulavam notícias alvissareiras entre os fiéis – sem dúvida, israelitas - afirmando que Ele havia ressurgido dos mortos, estava vivo, fora visto por vários discípulos. O episódio ocorrido com Tomé bem revela a situação da pequena comunidade. Relata ainda São João em seu Evangelho (20,25): “Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se eu não puser meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei”.

Nós não celebramos a Ressurreição no sábado à noite e, no domingo, a Páscoa, simplesmente como fatos históricos, mas como algo de atual. Há uma continuidade entre ontem e hoje. O pequeno grupo, apavorado, tornou-se o poderoso veículo da difusão do Evangelho. Rapidamente, a Boa Nova chegou aos confins da terra! Já no ano 63, São Paulo, escrevendo aos Filipenses (4,22) podia afirmar: “Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César”. Após tão poucas décadas da morte de Cristo, até no palácio do imperador romano havia cristãos.
Cabe uma pergunta: como aproveitar estas comemorações da vitória de Cristo sobre o pecado, em favor de nossa vida pessoal e exercício de nossa fé cristã, hoje?
O túmulo vazio é a garantia do que podemos e devemos usufruir uma profunda alegria. A vitória aí significada assegura a superação dos males e limitações que acompanham a vida de cada fiel e da comunidade eclesial. A busca de felicidade é o drama da Humanidade. Nós fomos criados por Deus e para Deus; somente n’Ele saciaremos a fome que angustia o coração humano. Procurar alhures, onde as inclinações pecaminosas se chocam com os ensinamentos do Senhor, leva-nos sempre à decepção. O proposto pelo mundo enche os ouvidos, os olhos, alimenta as paixões, mas depois de tudo, restam apenas cinzas. E a insatisfação perdura. Na realidade, vida fiel às diretrizes do Cristo, festejos religiosos ou não, desde que não firam o Evangelho, mitigam uma sede que somente na eternidade será plenamente aplacada. Quantas vezes temos ouvido essa verdade e, no entanto, o mundo continua a procurar a felicidade onde ela não se encontra. Santo Agostinho é admirável na sua observação: “Senhor, fomos criados para Vós e o nosso coração vive inquieto, até que ele repouse em vós” (“Confissões” 1,1).

Na festa da Ressurreição do Senhor, este ano, reflitamos sobre a importância da alegria e onde a encontrar. Em meio à violência, suportando o peso de tantos problemas que nos afligem, reafirmemos nossa fé cristã e nosso firme propósito de viver inteiramente a Mensagem de Jesus Ressuscitado, glorioso!
A celebração da Páscoa deve incutir em nós a certeza da vitória final de Cristo e sua obra. Quando visitei os célebres mosaicos de Ravena, o sacerdote que me explicava a extraordinária riqueza dos monumentos, despertou minha atenção para o fato de Cristo estar repetidamente representado na Cruz como vencedor. Em vez de derrotado pela morte infamante, que era a crucifixão, o artista nos faz contemplá-lo vitorioso! A glória da Ressurreição já é vislumbrada nas feições de Jesus, no alto do Gólgota. Aliás, diz André Frossard, na sua obra “L’Evangile selon Ravenne”: “Em todas as imagens desse resumo da Paixão, o Cristo está sempre revestido de seu manto de púrpura”.

Esta concepção, reproduzida nos famosos mosaicos vindos do Oriente, sugere, por ocasião da festa da Páscoa, que o Redentor, aparentemente vencido, sempre derrotará seus opositores. Tamanha certeza é de grande importância na vida de cada cristão que luta para viver sua fé, seguindo a trajetória da Igreja através dos séculos. Houve momentos no decorrer da História em que parecia se repetir o drama da condenação e da morte do Salvador. Constituindo a Comunidade Cristã o Corpo Místico de Cristo, torna-se bastante compreensível a sua participação nos sofrimentos do Senhor. Em certas épocas, o Mal parecia vencer definitivamente, ora pelas falhas internas, ora pelos ataques de fora. Em um e outro caso, era o pecado que dominava. Neste dia glorioso, a vitória de Cristo, é bom recordar que ainda hoje inimigos externos, como os sumos sacerdotes, fariseus, representantes da Roma imperial são menos perigosos e mais fáceis de serem superados que os internos e estes, como a traição de Judas, sem dúvida, são mais perniciosos, pois ferem a unidade e atingem o âmago da estrutura eclesial. Assim, acobertando as ações negativas com o nome de “discípulos de Cristo” confundem o rebanho, dificultam a aceitação dos ensinamentos eclesiais.

Muitas vezes tenho alertado para essa realidade. Entretanto, o fato de reconhecer variados e sutis ataques à obra do Senhor não nos deve induzir a uma atitude pessimista. Quem vive em intensidade a vitória de Cristo sobre a morte sente em si a paz, usufrui a alegria e irradia a esperança fundamentada em Cristo Ressuscitado.
Disponibilizado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro

Presente e Vivo no meio de nós

Percebo que vem crescendo, de modo bem sensível, a busca e a procura da pessoa de Jesus Cristo, nosso mestre e salvador.

Não sei responder pelo aumento de número de pessoas nessa busca, mas respondo pelo crescimento do interesse e da ardente busca da parte dos cristãos de longa data, daqueles que, sem esforço e sem opção pessoal, já nasceram no cristianismo.

Brota em meio as comunidades, principalmente de jovens, um anseio por um encontro mais íntimo e pessoal com o Senhor Jesus.

Já há alguns santos modernos, profundamente marcados por essa paixão da pessoa de Cristo; dentre eles, merece um destaque especial TERESA DE CALCUTÁ, recentemente elevada às honras dos altares por João Paulo 2º. A respeito dessa santa o atual Superior Geral dos Jesuítas afirmou: “A sua vida é uma pessoa: Jesus” (Cf: “L’osservatore Romano”, 19 de outubro de 2003, pág.19).

O postulador da causa de beatificação dessa nossa santa, após sério e acurado estudo de sua vida e de seus escritos, conclui: “Se tenho a dizer porque, em síntese, é reconhecida pela Igreja como santa, respondo que foi por seu amor pessoal a Jesus; um amor loucura, amor de esposa apaixonada. Toda sua vida foi cristocentrica” (O mesmo número de L’osservatore, pág 12). O testemunho, porém, mais significativo a esse respeito é a carta que Madre Teresa escreveu a toda sua Congregação das Missionárias da Caridade, em 25 de março de 1993: “Preocupa-me o pensamento que alguma de vós ainda não tenha encontrado a Jesus individualmente. Podemos passar muito tempo na capela, mas será que vimos com os olhos da alma o amor com que Ele nos olha? Vocês conhecem verdadeiramente a Jesus Vivo? Ou é o Jesus dos livros? Ouvis as palavras de amor que Ele lhes dirige? Nunca abandonem o diálogo íntimo com Jesus, vendo nele uma pessoa viva e não um Deus distante.”

A esta pergunta: Quem é Jesus para mim? Madre Teresa responde: “Jesus é a palavra para ser pronunciada, a vida para ser vivida, o amor para ser amado”. É o que Madre Teresa escreve no seu primeiro livro: “A FRUITFUL BRANCH ON THE VINE, JESUS”.

No tradicional retiro que o papa faz por ocasião do Advento, teve como tema, em novembro do ano passado: “CONHECEIS A JESUS CRISTO VIVO?” O pregador do retiro, Pe. Raniero Cantalamessa, tomou como pano de fundo a vivência cristocêntrica da Madre Teresa de Calcutá.

Como a Madre Teresa, há muitos outros santos modernos, canonizados por João Paulo 2º - como, por exemplo, o Pe. Pio Pietrolcina, que se distinguiram por uma vida apaixonada por Cristo.

A grande celebração do Jubileu dos dois mil anos do nascimento de Cristo despertou um vivo interesse pelo jovem carpinteiro de Nazaré. Os ecos dessa celebração perduram pelo Novo Milênio afora, despertando por toda parte a sede e o amor por esse jovem que, sem deixar de ser Deus, é o mais humano e o maior amigo dos homens.

Fonte: Universo Católico

Autor: D. Antônio de Souza

Relação do Milagres de Jesus

Veja abaixo a relação dos milagres bíblicos de Jesus. Recomendamos que todas as referências bíblicas sejam lidas de forma a complementar de forma adequada o contido nesta relação.

1. A transformação da água em vinho nas bodas de Caná: Jo 2,1-11.

2. Jesus escapa de seus inimigos em Nazaré: Lc 4,28-30.

3. Cura do filho do Governador em Cafarnaum: Jo 4,46-54.

4. Cura de um possesso em Cafarnaum: Mc 1,23-28, Lc 4,33-37.

5. Cura da sogra de Pedro: Mt 8,14-15, Mc 1,29-31, Lc 4,38-39.

6. Milagres de Cafarnaum no sábado à noite: Mt 8,16-17, Mc 1,32-34, Lc 4,40-41.

7. A primeira pesca miraculosa: Lc 5,1-9.

8. Os vários milagres realizados na Galiléia: Mt 4,23-24, Mc 1,38-39.

9. Cura do leproso: Mt 8,1-4, Mc 1,39-44, Lc 5,12-14.

10. Cura de um homem paralítico: Mt 9,1-8, Mc 2,1-12, Lc 5,17-26.

11. A cura de um doente na piscina de Betesda: Jo 5,1-9.

12. Cura de um homem de mão seca: Mt 12,9-13, Mc 3,1-5, Lc 6,6-10.

13. Os milagres aos sábados, dias de descanso: Mt 12,14-16, Mc 3,6-12, Lc 6,17-19.

14. Cura do empregado do Centurião: Mt 8,5-8.13, Lc 7,1-10.

15. Ressurreição do filho da viúva de Naim: Lc 7,11-16.

16. Os milagres relatados a João Batista: Lc 7,19-22.

17. Cura de um possesso cego e mudo: Mt 12,22-24.

18. A primeira tempestade serenada (acalmada): Mt 8,23-27, Mc 4,35-40, Lc 8,22-25.

19. Os possessos e os porcos em Gerasa: Mt 8,28-33, Mc 5,1-15, Lc 8,26-35.

20. Cura da mulher com fluxo de sangue (hemorroíssa): Mt 9,2-22, Mc 5,25-34, Lc 8,43-48.

21. A ressurreição da filha de Jairo: Mt 9,18.19.23-26, Mc 5,21-24.35-43, Lc 8,40-42.49-56.

22. Os milagres em Nazaré: Mt 13,57-58, Mc 6,4-5.

23. Os milagres realizados na Sua terceira viagem pelas cidades e vilas da Galiléia: Mt 9,35.

24. Os milagres no deserto perto do lago de Genesaré: Mt 14,13-14, Lc 9,10-11, Jo 6,1-2.

25. A primeira multiplicação de pães e peixes: Mt 14,14-21, Mc 6,34-44, Lc 9,11-17, Jo 6,3-14.

26. A segunda tempestade acalmada: Mt 14,22-23, Mc 6,45-51, Jo 6,15-21.

27. Os milagres realizados nas terras de Genesaré: Mt 14,34-36, Mc 6,53-56.

28. Cura da filha da mulher de Caná: Mt 15,21-28, Mc 7,24-30.

29. A cura do surdo e mudo: Mc 7,31-37.

30. Os milagres realizados na montanha perto do mar de Tiberíades: Mt 15,29-31.

31. A segunda multiplicação de pães e peixes: Mt 15,32-38, Mc 8,1-9.

32. O cego de Betsaída: Mc 8,22-26.

33. A transfiguração de Cristo: Mt 17,1-9, Mc 9,1-8, Lc 9,28-36.

34. Cura do menino possuído pelo demônio: Mt 17,14-17, Mc 9,16-26, Lc 9,37-44.

35. O dinheiro encontrado na boca do peixe: Mt 17,23-26.

36. Cura do cego de nascença: Jo 9,1-7.

37. Os dois homens cegos: Mt 9,27-31.

38. Cura de um mudo possuído pelo demônio: Mt 9,32-34, Lc 11,14-15.

39. A mulher enferma, inválida: Lc 13,10-13.

40. Cura do homem que sofria de hidropisia: Lc 14,1-4.

41. A ressurreição de Lázaro: Jo 11,11-15.38-45.

42. Cura dos dez leprosos: Lc 17,11-19.

43. Os dois homens cegos de Jericó: Mt 20,29-34, Mc 10,46-52, Lc 18,35-43.

44. A figueira seca, amaldiçoada: Mt 21,17-20, Mc 11,12-14.20-21.

45. Os milagres realizados no templo: Mt 21,14-15.

46. O milagre na prisão de Cristo: Jo 18,3-6.

47. A cura da orelha de Malco: Lc 22,49-51.

48. Os milagres na hora da morte de Cristo: Mt 27,45.50-54, Mc 15,33-34.37-39, Lc 23,44-48.

49. A ressurreição de Cristo: Mt 28,1-10, Mc 16,1-9, Lc 24,1-8, Jo 20,1-17.

50. A segunda pesca milagrosa: Jo 21,1-6.10-11.

51. A ascensão de Cristo ao céu: Mc 16,19, Lc 24,50-51, At1,9-11.

* Milagre realizado em tempo desconhecido:

- A cura de Madalena e das mulheres santas (Lc 8, 1-2).

* Milagres não Registrados:

- "Muitos outros sinais Jesus também fez à vista de seus discípulos que não estão escritos neste livro. Mas estes são escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus: e que assim crendo, possam ter vida em seu nome" (Jo 20, 30-31).

- "Mas há também muitas outras coisas que Jesus fez, que, se fossem escritas uma a uma, o próprio mundo, acredito, não seria capaz de conter os livros que deveriam ser escritos" (Jo 21,25).

Fonte: Universo Católico

A Transfiguração, um esplendor do Reino

Os evangelistas sinóticos – Mateus, Marcos, Lucas – narram o evento da Transfiguração de modo quase idêntico: Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João – os dois últimos são irmãos -, mais vezes companheiros seus privilegiados “porque eram mais perfeitos do que os outros”, afirma S. João Crisóstomo; Pedro, porque amava a Jesus mais do que os outros, João porque era amado por Jesus mais do que os outros, e Tiago porque se unira na resposta do irmão: “Sim, podemos beber do teu cálice”(cf. Mt 20,22).

Jesus os conduz à parte a uma “alta montanha”, lugar por excelência das manifestações divinas; dirá a Tradição: o monte Tabor. Ali ele aparece radiante de uma luz esplêndida que emana “tanto de seu rosto brilhante como o sol” como de suas vestes – obra do homem, da cultura humana – e se irradia pela natureza circunstante, como o mostram os ícones.

Moisés – a lei – e Elias – os profetas – aparecem e conversam com Jesus. A primeira aliança aponta para a última. Lucas precisa que a conversa tem como tema o êxodo, a partida do Senhor. Pedro, em êxtase, sugere construir três tendas, na esperança de poder permanecer longamente naquele estado. Mas tudo está envolvido pela “nuvem luminosa” do Espírito, da qual ressoa no coração dos três discípulos agitados, prostrados com a face por terra, a voz do Pai: “Este é o meu Filho, o amado, escutai-o!”. Depois, tudo desaparece, e permanece Jesus, sozinho, que ordena aos três guardarem segredo a respeito do que tinham visto, “até que o Filho do homem ressuscitasse dos mortos”.

A partir do fim das perseguições romanas contra os cristãos, no século IV, foram edificadas diversas igrejas no Tabor. Sua dedicação parece estar na origem da festa que, a partir do VI século, difundiu-se por todo o Oriente Médio. No calendário ocidental foi estavelmente introduzida em 1457, pelo papa Calixto III, como reconhecimento pela recente vitória contra os turcos. Os evangelhos não permitem fixar, no ritmo anual, uma data para a Transfiguração. Com a intuição cósmica que o caracteriza, o Oriente fixou a data de 6 de agosto, grande meio-dia do ano, apogeu da luz do verão. Nesse dia se abençoam os frutos da estação; muitas vezes, nos países da bacia do Mediterrâneo, é a uva o fruto por excelência abençoado. O Ocidente, menos sensível ao alcance espiritual do acontecimento, mesmo conservando a festa da Transfiguração em 6 de agosto, preferiu acrescentar uma segunda celebração antes da Páscoa, no segundo Domingo da Quaresma, de tal modo seguindo mais de perto a cronologia da vida de Jesus.

No Oriente, a festa põe o acento na divindade de Cristo e no caráter trinitário de seu esplendor. “Conversando com Cristo, Moisés e Elias revelam que ele é o Senhor dos vivos e dos mortos, o Deus que tinha falado na lei e nos profetas; e a voz do Pai, que sai da nuvem luminosa, “dá-lhe testemunho”, recita a liturgia bizantina.

Contudo, a Transfiguração não é um triunfo terreno, que Jesus sempre rejeitou em sua vida – e aqui está o erro de leitura de Calixto III; nem mesmo é uma emoção espiritual para degustar – eis o erro de Pedro. É um lampejo, um esplendor daquele Reino que é o próprio Cristo, uma luz que é também a da Páscoa, do Pentecostes, da parusia quando, com o retorno glorioso de Cristo, o mundo inteiro será transfigurado.

Moisés e Elias, já o dissemos, falam com Jesus a respeito de sua partida, de sua paixão: apenas esta última fará resplandecer a luz, não no cume do Tabor, a montanha que simbolicamente representa as teofanias e os êxtases, mas no próprio coração dos sofrimentos dos homens, de seu inferno e, enfim, de sua morte. A liturgia ainda nos ajuda a entender: “Ouvi – diz o Pai – aquele que através da cruz esvaziou o inferno e dá aos mortos a vida sem fim”.

Para a teologia ortodoxa, a luz da Transfiguração é a energia divina (de acordo com o vocabulário precisado no séc. XIV por Gregório Palamas), isto é, o resplandecer de Deus: o mesmo Deus que, enquanto permanece inacessível na sua “supra-essência”, se torna participável aos homens por uma loucura de amor. Daqui a compreensão da importância desta festa para a tradição mística e iconográfica.

O resplandecer, o esplendor divino é tal que joga por terra, na montanha, os apóstolos. Mesmo assim, no Tabor ele permanece uma luz externa ao homem. Ora, ela nos é doada – como centelha imperceptível ou rio de fogo – no pão e no vinho eucarísticos. Então nossos olhos se abrem e nós compreendemos que o mundo inteiro está impregnado dessa luz: todas as religiões, todas as intuições da arte e do amor o sabem, mas foi necessário que viesse o Cristo e que nele acontecesse aquela imensa metamorfose – assim os gregos denominam a Transfiguração – para que enfim se revelasse que, à nascente dos veios de fogo, de paz e de beleza presentes na história, existe, vencedor da noite e da morte, um Rosto.

Extraído de «As Festas cristãs», de O. Clèment

Fonte: Universo Católico

A Eucaristia é parusia

A Eucaristia é parusia (ou parúsia) – presença real de Cristo sob as espécies eucarísticas – presença sacramental. Na Eucaristia já acontece a vinda de Jesus, porém, não na Sua segunda e definitiva vinda. Assim parusia significa vinda, chegada ou advento.

Antigamente usava-se o termo “parusia” para se descrever a visita de um rei ou imperador. Por isso, a Eucaristia é a vinda do nosso Rei para entrar na vida dos Seus servos. Cristo nos visita na Eucaristia. Foi o melhor e mais simples meio de todos terem acesso a Deus. A parusia é a presença no Senhor Glorioso, Real e Verdadeiro.

Sabemos que haverá a parusia no final dos tempos, mas também sabemos que ela acontece em cada Santa Missa celebrada. Foi o próprio Jesus que estabeleceu a Eucaristia como um acontecimento escatológico – parusia – a vinda do Rei e do seu Reino, sendo que isso acontece em cada Celebração Eucarística.

“A Parusia é o mais alto grau de intensificação e de satisfação da liturgia. E a liturgia é parusia. Cada Eucaristia é Parusia, vinda do Senhor; e, ainda, a Eucaristia é, inclusive, o mais verdadeiro desejo ardente de que Ele, por fim, revelaria a Sua Glória escondida” (Cardeal Joseph Ratzinger – Bento XVI).

A Igreja, que é o Reino, o Reino onde o Rei reina na Eucaristia. Ela clama todos os dias: Vinde, Senhor Jesus – pois estamos comprometidos com a liturgia da vinda de Jesus, com Sua presença real, a Sua parusia.

“O Reino de Deus vem desde a Santa Ceia e na Eucaristia, Ele está no meio de nós. O Reino virá na glória quando Cristo restituir a seu Pai. A Igreja sabe que, desde agora, o Senhor vem em sua Eucaristia, e que ali Ele está, no meio de nós. Contudo, esta presença é velada” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2816 e 1404).

A Eucaristia consiste em duas realidades: a terrena e a celeste. Por isso, enquanto esperamos a vinda gloriosa de Jesus no fim dos tempos, vamos recebê-Lo com ardor a vinda d’Ele em cada Eucaristia para nos preparar para Sua vinda definitiva.

Por: Pe. Reinaldo

Fonte: Universo Católico

13 idéias geniais para se libertar da TV

Como se sabe, a televisão tem destruído muitos lares em virtude da falta de diálogo que passa a existir entre os membros da família. Ao longo destes 50 anos, tornou´se verdadeiro vício de forma que, atualmente, não é difícil encontrarmos em toda casa um aparelho de TV para cada membro da família, para que não haja a ´concorrência interna´ pelos programas que passam no mesmo horário. A família torna´se, assim, prisioneira da televisão.

Com o objetivo de despertar o hoje incomum diálogo familiar, a criatividade e o compartilhamento do afeto entre os membros da família, transcrevemos abaixo 13 idéias para se libertar da TV sugeridas pela organização argentina ´TV La Familia Internacional´. Como advertem os seus diretores, ´não se trata, de maneira alguma, de um boicote´, mas cortar a dependência da TV para promover uma vida mais sã, motivar o diálogo e dedicar mais tempo para brincar com as crianças, para pensar, para passear e compartilhar o tempo em conjunto com os demais membros. A idéia é apenas experimentar! Por que não tentar? Por que não tentar se dedicar mais à sua própria família?

Remova a sua TV para um lugar menos importante na casa. Isto ajudará muito no seu processo de libertação.

Esconda o controle remoto.

Não permita a existência de uma TV no quarto de seus filhos, pois ela os distancia da vida familiar e do contato com os demais membros, não os deixa dormir bem e também torna difícil controlar a programação imprópria para menores. Se você remover a TV do quarto de seus filhos, compense´os com algo que gostem e que lhes faça bem.

Não assista a TV durante as refeições pois é um ótimo momento para se cultivar o diálogo familiar.

Determine claros limites para se assistir aos programas da TV, por exemplo, meia hora, uma hora... Estabeleça as normas de forma positiva, isto é, não diga: ´você não vai ver televisão!´, mas ´você pode ver tanto tempo por dia´ ou ´vamos fazer tal coisa´.

Não use a TV como babá. Faça com que seus filhos participem das tarefas domésticas, para que se sintam úteis. Dê´lhes a oportunidade de sentir que podem ajudá´lo bastante.

Fixe alguns dias da semana como dias sem TV e realize noites de entretenimento familiar.

Não faça da TV instrumento de recompensa ou castigo pois isto aumenta ainda mais o seu poder de influência.

Escute o rádio ou a sua música favorita ao invés de deixar a TV ligada em um outro cômodo da casa, usando´a como ´som ambiente´.

Não pague para assistir TV; ao invés, utilize essa verba para comprar jogos ou livros. Não se assuste se o seu filho lhe disser: ´não tenho o que fazer!´. Isto irá despertar´lhe a criatividade.

Não permita que a TV supere o mais importante: o diálogo familiar, a criatividade, a leitura e a diversão.

Pense sempre na possibilidade de assistir cada vez menos TV. Quando você conseguir se libertar, ficará espantado com quanto tempo perdeu para se dedicar à família, à criatividade, ao amor e às outras formas de entretenimento. Contudo, após a libertação, passará você a controlar o botão de liga/desliga da TV... E o mais importante: à hora que você bem quiser!

TV La Familia Internacional

Presidência: Buenos Aires (Argentina)
Fonte: Universo Católico

Soluções fáceis para problemas difíceis

Muitos erros e sofrimentos de nossos dias, acontecem por querermos dar ´soluções fáceis para problemas difíceis´, agravando ainda mais os problemas, ao invés de solucioná´los.

Quanto mais difícil é um problema, tanto mais difícil será a sua solução, pois não há solução fácil quando o problema é difícil.

Há sempre duas maneiras de solucionar um problema: a primeira, será ´fácil´: improvisada, rápida, cômoda, egoísta e sem sacrifícios; a segunda, será ´difícil´: demorada, planejada, árdua e dispendiosa. A segunda será eficaz e duradoura; a primeira, inócua e falsa.

Fazendo´se uma análise dos graves problemas que o homem de hoje enfrenta, é fácil observar como ele tem optado pela primeira maneira. Por isso sofre.

É fácil, por exemplo, retirar o pobre da rua; contudo, é difícil retirar a miséria do pobre; promovê´lo, esta é a medida difícil e correta.

É fácil, por exemplo, diminuir o número de comensais em uma mesa; contudo, é difícil aumentar a quantidade de alimentos e repartí´los com amor; porém, esta é a solução certa e eficaz.

É fácil limitar o número de nascimentos, é fácil esterelizar homens e mulheres em massa, é fácil distribuir pílulas e camisinhas; contudo, é difícil implantar uma eficaz e digna paternidade responsável.

É fácil praticar um aborto e eliminar uma vida, mas é difícil aceitar, respeitar, amar e educar um ser humano.

É fácil condenar um criminoso à pena de morte, é difícil reeducá´lo e salvá´lo.

É fácil matar um assassino, linchá´lo até a morte; é difícil matar o crime e salvar o criminoso.

É fácil fazer a guerra, é difícil manter a paz.

É fácil distribuir preservativos e seringas para se evitar a AIDS; é difícil ensinar as pessoas sobre o emprego moral do sexo e o valor da castidade.

É fácil propor o divórcio para um casal em crise; mas é difícil reconciliá´lo no perdão e no amor; mas esta é a verdadeira solução.

É fácil eliminar as crianças delinquentes das ruas, sob o pretexto de se coibir o crime; mas é difícil educar essas crianças e indicar´lhes o sentido da vida.

É fácil e rápido apressar a morte de um paciente terminal, com a eutanásia; mas é difícil respeitar a vida e seu Autor até o último instante.

É fácil fazer discursos políticos, mas é difícil eliminar o déficit público, o empreguismo, o nepotismo, a corrupção e o desperdício que atolam a nação.

É fácil liberar os baixos instintos e paixões; mas é difícil dominá´los para que eles não nos escravizem.

É fácil fazer justiça com as próprias mãos, mas o justo e ético e esperar que ela seja feita pela lei e pelo direito, sob pena de sepultarmos a civilização.

É fácil invadir terras e prédios, sob o pretexto de que há má distribuição de rendas, etc, mas o difícil e correto é promover a reforma agrária, necessária, dentro da lei e da ordem, para que não haja ainda mais violência, luta de classes e injustiça.

Enfim, é fácil dar uma solução cômoda, rápida, inócua para um problema; mas é difícil, árduo e demorado, dar uma solução eficaz para o mal.

A Igreja Católica, e o Papa, serão sempre muito criticados e incompreendidos porque as soluções que propõem para os graves problemas da humanidade, são difíceis, assim como o são os seus males. Mas são soluções eficazes.

Quando, por exemplo, Martinho Lutero, com suas amarguras e orgulho, precipitou a revolução protestante, e causou um furacão dentro da Igreja, esta foi sábia e soube realizar um Concílio, o de Trento, que durou 18 longos anos (1545´1563), para examinar cada ponto que fora questionado. Isto é prudência; isto é uma solução séria para um problema muito sério. Os frutos desse Concílio foram enormes, até hoje. Dele surgiu o Catecismo Romano, o primeiro da Igreja, que só agora, depois de 430 anos, é substituído pelo Catecismo da Igreja Católica, outorgado pelo Papa João Paulo II.

As soluções sérias são eficazes e duradouras; geradas no sofrimento, na oração, na paciência, nas lágrimas, no diálogo, na compreensão,etc.

Quando João XXIII quis renovar a Igreja, fazer o seu ´aggiornamento´, não convocou apenas alguns poucos cardeais, para durante alguns poucos dias tratar do assunto. Não! Ele convocou todos os 2.600 Bispos do mundo todo, durante três anos seguidos (1962´1965), no Concílio Vaticano II, pára, demorada e exaustivamente, sob a luz do Espírito de Cristo, com muita oração, estudo, trabalho, diálogo, analisar a questão. Por isso, hoje, após mais de trinta anos, o Concílio Vaticano II continua a dar os seus frutos, e os dará ainda por muitos anos. Uma solução eficaz! A pressa é inimiga da perfeição, diz o ditado popular.

Precisamos aprender com a sabedoria chinesa que diz:

´Se queres colher por um ano, semeia o grão. Se queres colher por dez anos, planta uma árvore. Se queres colher por cem anos, educa o povo´.

Não há solução fácil para problema difícil.

Toda vez que agirmos desta maneira, além de não resolvermos o problema, o agravaremos ainda mais.

Esta é a pior tendência do homem moderno; querer resolver todos os problemas de maneira rápida, com solução imediatista, atropelando o tempo, a moral, os costumes, a fé, e o próprio Deus. Por fim se dá conta de que correu em vão.

Há um provérbio que ensina :

´Tudo que fazemos sem contar com o tempo, ele se incumbe de destruir´.

E o poeta já dizia: ´gado, a gente tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente!

Acostumados a lidar com as ´coisas´, a técnica e as máquinas, o homem de hoje se esquece que ele é dotado de uma alma imortal, com um fim transcendente em Deus.

O Papa João Paulo II tem nos ensinado que as soluções propostas por Cristo, para os graves problemas da humanidade, são difíceis, mas jamais decepcionam.

O Mestre continua a nos dizer:

´Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição... c Estreita porém é a porta e apertado o caminho da vida´ (Mt 7,13´14).

Conclusões sobre a com + vivência no amor

CARDEAL D. EUSÉBIO OSCAR SCHEID

Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro
27 de janeiro de 2004


(As seguintes ilações podem ser encontradas no nosso livro:

“Preparação para o Casamento e para a vida familiar”, ps. 69-73)

Diante das sublimes exigências da paternidade-maternidade responsável estamos, evidentemente, diante de um ideal elevadíssimo. Esse ideal admite graus e etapas de amadurecimento: físico, psicológico, afetivo e espiritual. Pastoralmente falando, não se pode em nada minimizar a doutrina da Igreja, mas isto estará aliado à caridade, paciência e compreensão de que o próprio Cristo, “autor da vida” (At 3,15), nos dá o mais sublime exemplo, ao tratar com os homens. É preciso ser intransigente com o mal, mas misericordioso e compassivo para com todos os que erram, máxime, não querendo errar.

A paternidade-maternidade responsável não se reduz ao planejamento familiar, mas o implica:

Compete aos pais decidir sobre o desejável em relação ao número de filhos. É o aspecto mais pessoal da intimidade conjugal, assumido diante de si próprios, dos filhos já existentes, diante da comunidade e, sobretudo, diante de Deus.

Não se pode partir do princípio de que o controle voluntário da fecundidade deve separar a sexualidade da procriação: anular a fertilidade para liberar a sexualidade. Não se trata de um problema como se fora mecânico ou matemático. Está em jogo a própria natureza do homem e da mulher com sua dignidade própria, independente de ser fértil ou não. Há que conhecer e respeitar esta dignidade!

Frente às campanhas antinatalistas (sob o nome de paternidade responsável, bem-estar da mulher e da criança!) de origem governamental ou promovidas por outros países, proporcionem-se às famílias conhecimentos suficientes sobre os múltiplos efeitos negativos das técnicas imperantes nas filosofias neomalthusianas e proceda-se à aplicação integral das normas éticas, clara e repetidamente enumeradas pelo Magistério.

Em face do grandioso plano de Deus a respeito da família, a ser seguido e abraçado pela paternidade-maternidade responsável, a nossa pergunta não deverá ser: quantos filhos devemos ter? Mas, sendo que o ser humano é tão precioso e de tamanho valor, nos perguntamos: será que somos dignos de ter pelo menos um? Nossa pergunta se amplia: o relacionamento homem-mulher, o convívio familiar, favorece ou abstacula a visão e aceitação desse plano de Deus?

Não basta a visão da Fé. É preciso também, tirar todas as conseqüências que a Fé nos pede: a vivência de uma autêntica espiritualidade conjugal familiar, o respeito pela integridade total do outro, um perfeito domínio sobre si mesmo através de uma ascese que nos purifica e aprimora. Cabem aqui as sábias observações da Encíclica de Paulo VI, a “Humanæ Vitæ” (1968):

“Esta disciplina... longe de ser nociva ao amor conjugal, confere-lhe, pelo contrário, um valor humano bem mais elevado. Requer um esforço contínuo, mas, graças ao seu benéfico influxo, os cônjuges desenvolvem integralmente a sua personalidade, enriquecendo-se de valores espirituais: ela acarreta à vida familiar frutos de serenidade e paz e facilita a solução de outros problemas. Favorece a atenção dos cônjuges, uma para com o outro, ajuda-os a extirpar o egoísmo, inimigo do verdadeiro amor, e enraíza-os no seu sentido de responsabilidade”.

Para conseguir amadurecer para a paternidade-maternidade responsável, é imprescindível e urgente criar um clima, um ambiente favorável à castidade.

Queremos, nesta altura, chamar a atenção dos educadores e de todos que desempenham tarefas de responsabilidade em ordem ao bem comum da convivência humana, para a necessidade de criar um clima favorável à educação para a castidade, isto é, ao triunfo da liberdade sã sobre a licenciosidade, mediante o respeito de ordem moral.

Tudo aquilo que nos modernos meios de comunicação social leva à excitação dos sentidos, ao desregramento dos costumes, bem como todas as formas de pornografia ou espetáculos, deve suscitar a reação franca e unânime de todas as pessoas solícitas pelo progresso da civilização e pela defesa dos bens do espírito humano. Em vão se procurará justificar estas depravações, com pretensas exigências artísticas ou científicas, ou tirar partido, para argumentar, da liberdade deixada neste campo por parte das autoridades públicas.

Paternidade-maternidade responsável é um contínuo crescimento a partir do cultivo das virtudes humanas (altruísmo, delicadeza, sensibilidade, respeito, educação dos sentimentos e emoções), passando pelo aprimoramento das virtudes morais (p. ex. ascese, castidade, justiça, prudência, temperança) para desembocar no exercício de virtudes propriamente espirituais e cristãs: fé em Deus e força dos sacramentos, esperança de localizar-se bem no plano de Deus com o auxílio constante de sua graça, caridade sobrenatural que exprime e desenvolve o amor numa perspectiva de fraternidade entre os próprios esposos, o que é a “plenitude de qualquer lei” (Cl 3,14), “supera todo o entendimento” (cf. Ef 3,18-20) e nunca há de acabar... nem mesmo na Eternidade (1Cor 13,8).

Como é fácil averiguar, pelo exposto, a paternidade-maternidade responsável apelam para a santidade dos esposos a que são chamados por vocação e pela graça do sacramento do Matrimônio. Pede-se deles, que seus lares sejam “igrejas domésticas”, que con-sagrem os seus próprios corpos como “templos do Espírito Santo” (1Cor 6,19) e se lembrem da união de Cristo com sua Igreja de que a vida familiar participa e que reflete” (cf. Ef 5,31-32).

A Igreja conhece o caminho pelo qual a família pode chegar ao coração de sua verdade profunda. Este caminho que a Igreja aprendeu na escola de Cristo e da História, interpretada à luz do Espírito, não o impõe, mas sente a exigência indeclinável de o propor a todos sem medo, com grande confiança e esperança, sabendo, porém, que a “Boa-Nova” conhece a linguagem da Cruz. É, no entanto, através da Cruz que a família pode atingir a plenitude do seu ser e a perfeição do seu amor.

O caminho dos esposos, como toda a vida humana, conhece muitas etapas, e as fases difíceis e dolorosas, vós o experimentais pelos anos afora, também aí têm o seu lugar. Mas importa dizê-lo em voz alta: jamais a angústia e o medo deveriam achar-se em almas de boa vontade, porque, enfim, não é o Evangelho uma Boa Nova também para os lares e uma mensagem que, se é exigente, nem por isso é menos profundamente libertadora?

Tomar consciência de que ainda se não conquistou a liberdade interior, de que ainda se anda sujeito ao impulso das próprias tendências, descobrir-se quase incapaz de respeitar, no momento, a lei moral, num domínio tão fundamental, suscita naturalmente uma reação de aflição. Mas é o momento decisivo em que o cristão, na sua confusão, em vez de se abandonar à revolta estéril e destruidora, acede, na humanidade, à espantosa descoberta do homem diante de Deus, um pecador diante do amor de Cristo Salvador.

A paternidade-maternidade vai bem além da doação no amor e, mesmo, da transmissão da vida:

A fecundidade de amor conjugal não se restringe somente à procriação dos filhos, mesmo entendido em sua dimensão mais especificamente humana: alarga-se e se enriquece com todos aqueles frutos de vida moral, espiritual e sobrenatural que o pai e a mãe são chamados a doar aos filhos e, através dos filhos, à Igreja e ao mundo. Esta responsabilidade inclui, portanto, a educação da Fé e na Fé para um pleno desabrochar na caridade. Terá que evidenciar para os filhos, mais pelo exemplo que por palavras, o plano de Deus a respeito deles e o verdadeiro “sentido da vida”.

A paternidade-maternidade responsável há de levar a família bem constituída a ser apóstola para outras famílias em dificuldade, crises ou sem esta visão cristã do amor, da sexualidade e do próprio casamento. Serão, por excelência, os apóstolos da Pastoral Familiar mais sólida e abrangente. Será esta uma dimensão de missão evangelizadora da Família, tão encarecida pela exortação “Familiaris Consortio” e por Puebla.

Após todas estas considerações esperançosas e alegres, vem a nossa questão prática mais difícil para o exercício da paternidade-maternidade responsável: como incluir esta visão cristã de amor, de sexualidade, de fecundidade em ambientes desumanizados pelo erotismo, pela promiscuidade e pela miséria em suas diversas dimensões? É aqui que se localiza o maior papel desafiante da Pastoral da Família. Partindo de uma convicção vivida e testemunhada, há que envolver, contagiar a outros na mesma perspectiva de fé e de vida. Nossa preocupação maior será a de formar lideres e agentes da Pastoral Familiar que saibam penetrar em qualquer ambiente, saibam falar a linguagem do Evangelho em qualquer ambiente de opressão ou de comunicação.

Os ideais do Evangelho, de que dimanam diretamente os ideais da família, se destinam “a toda criatura” (Mc 16,15). Fará parte da responsabilidade familiar envidar esforços para transformar esses ambientes desumanizados, arrancar as famílias dos traumas da crise, eliminando quanto possível, a miséria moral e material. Neste seu empenho, a Pastoral da Família deverá estar, de modo muito especial, entrosada com as demais linhas da “Pastoral de Conjunto”! Não é por ser difícil que não se vai tentar, começando logo. Cristo nos garante: “Para Deus (e para Sua causa) nada é impossível!” (Lc 1,37).

Disponibilizado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro em Jan/04
Fonte: Universo Católico

Queremos ver Jesus na família

Queremos ver Jesus no amor conjugal

Amar não é um simples impulso, mero sentimento. Compreende a personalidade toda. Amar é um verbo cujos múltiplos tempos e modalidade é preciso saber conjugar: aprendendo progressivamente a respeitar, compreender, perdoar, esperar, carregar, servir e sacrificar-se. O amor autêntico se tipifica pela doação, pelo espírito de sacrifício. O Senhor nos diz: “Ninguém tem mais amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos” (Jô. 15, 13).

Essa doação sacrificada está feita a fidelidade. Fidelidade que gera felicidade, como disse João Paulo II: “O Senhor deseja a vossa felicidade, mas quer que saibais conjugar sempre a fidelidade com a felicidade, pois não pode haver uma sem a outra” .

É nessa abnegada fidelidade mútua dos cônjuges que enxergaremos o rosto amável do Senhor Jesus.

Queremos ver Jesus nos pais que estão abertos a receberem os filhos que Deus lhes quer confiar.

“O amor é fecundo... não se esgota na comunhão entre os conjugues, mas está destinado a continuar suscitando novas vidas. O matrimônio e o amor conjugal estão de per si ordenados à procriação e educação dos filhos. Sem dúvida, os filhos são os dons mais excelentes do matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos pais” .

É preciso que os pais saibam encontrar nos seus filhos, a encarnada fusão das suas próprias vidas, entrevendo também nos olhos deles o olhar do Senhor Jesus, doador da vida.

Queremos ver Jesus na fisionomia dos esposos que trabalham solidária e incansavelmente na educação dos seus filhos.

Os pais são para os filhos mas os filhos não são para os pais. É por isso que os filhos têm o direito de que os pais vivam unidos e, conseqüentemente, os pais têm a obrigação de manter a sua união em benefício dos filhos. Eis porque a tarefa educacional solidária fomenta o amor mútuo e a harmonia conjugal: os filhos enriquecem a integração dos pais.

“É dever dos pais criar um ambiente de tal modo animado pelo amor e pela piedade para com Deus e para com os homens que favoreça a completa educação pessoal e social dos filhos. A família é, portanto, a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade.”

Cabe aos pais ir, pouco a pouco, esculpindo nos seus filhos a personalidade de Jesus Cristo, o filho muito amado do Pai.

Queremos ver Jesus dentro desse “santuário doméstico da Igreja” que é a família, “célula primeira e vital da sociedade”

A família tem que constituir-se, dentro do organismo social, como um foco irradiador de vitalidade cristã; um ponto de ignição desse fogo que Cristo veio trazer à terra.

É a família que salvará à família. É a família cristã que dará nova vida à família doente, atingindo-a precisamente no seu âmago, como uma injeção intravenosa que penetra na corrente circulatória da sociedade.

Queremos ver Jesus clamando aos Apóstolos de todos os tempos: “Ide evangelizai a todas as gentes, de todas as raças e de todas as línguas” (Mc 16, 15-16).

Queremos ver Jesus no sacerdote que orienta e acompanha a nossa família

“Cabe aos sacerdotes – nos lembra o Concílio -, devidamente informamos acerca das realidades familiares, auxiliar a vocação dos esposos na sua vida conjugal e familiar por vários meios pastorais, como a pregação da palavra de Deus, o culto litúrgico e outras ajudas espirituais; devem ainda fortalacê-los, com caridade, para que assim se formem famílias verdadeiramente irradiantes” .

Essas “famílias verdadeiramente irradiantes”, que converterão os seus lares em autênticas “Igrejas domésticas” (Icor. 16,19), serão o fermento na massa dessa nova evangelização do terceiro milênio na qual tantos depositamos as nossas esperanças. É assim que esperamos ver Jesus plasmado no rosto multiracial de toda a família humana.


Disponibilizado pela CNBB
Dom Rafael Llano Cifuentes
Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro
Presidente da Comissão para a Vida e a Família
Fonte: Universo Católico

Catequese: lugar de encontro com Jesus vivo

O Projeto Nacional de Evangelização, Queremos Ver Jesus -Caminho, Verdade e Vida quer, de fato, ajudar os cristãos de todo o Brasil a fazerem a experiência pessoal e na comunidade, com o Cristo ressuscitado.

A catequese, principalmente a partir do documento Catequese Renovada, acentua fortemente a centralidade de Jesus Cristo na educação da fé. "A catequese sempre foi considerada pela Igreja como uma das suas tarefas primordiais, porque Cristo ressuscitado, antes de voltar para junto do Pai, deu aos apóstolos uma última ordem: fazerem discípulos de todas as nações e ensinarem-lhes a observar tudo aquilo que ele lhes havia mandado"(CT 1).

O encontro com o Cristo vivo leva, necessariamente, o catequizando à conversão, a uma mudança de vida. De fato, a catequese, procura favorecer este encontro pessoal e comunitário com Jesus. "No centro da catequese nós encontramos especialmente uma pessoa: é a Pessoa de Jesus de Nazaré, Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade, que sofreu e morreu por nós, e que agora, ressuscitado, vive conosco para sempre. É este mesmo Jesus que é o Caminho, a Verdade e a Vida e a vida cristã consiste em seguir a Cristo"(CT 5).

É missão da catequese o acompanhamento das pessoas nas diversas fases da vida. O Projeto de Evangelização comunga da mesma idéia ao afirmar que: "as pessoas precisam ser acompanhadas nas diversas fases da vida, num clima de solidariedade fraterna, de companheirismo, com um relacionamento que seja o próprio retrato da atenção que Jesus dava às pessoas e do amor com que Deus vê cada um dos seus filhos e filhas"(Documentos da CNBB, nº 72, p. 17). A formação catequética não se limita somente a crianças, adolescentes e jovens, mas é uma formação permanente.

A catequese é um itinerário de formação na fé, esperança e caridade. Forma o catequizando para acolher com alegria a mensagem evangélica e ajudar a outros a encontrarem pessoalmente o Senhor. "O desejo ardente de convidar os outros para se encontrarem com aquele que nós encontramos está na raiz da missão evangelizadora a que é chamada toda a Igreja, mas que é sentida com particular urgência hoje..."(Ecclesia in America, 68).

Nós, como Comissão para a Animação Bíblico Catequética, a partir do Projeto Nacional de Evangelização, procuraremos:

1. Anunciar e testemunhar a Pessoa de Jesus Cristo vivo;

2. Proporcionar aos catequistas e catequizandos o encontro pessoal com Jesus Cristo, a fim de que todos possam segui-lo com convicção;

3. Investir na formação dos catequistas a partir dos três passos pedagógicos de Jesus:

a) Conversão: Jesus converteu as pessoas, chamou-as pessoalmente pelo nome. A catequese também é um processo de conversão, procura despertar e educar na fé em nível pessoal e comunitário;
b) Vivência comunitária. A exemplo do ensinamento de Jesus os apóstolos, despertar a prática do amor fraterno;
c) Construção de uma sociedade justa e solidária. Jesus inseriu-se no contexto social de sua época e ensinou como se constrói uma sociedade igualitária e anunciou a conversão como meio e instrumento pedagógico na construção de um mundo mais justo e fraterno.

4. Através do Ministério da Palavra, da Liturgia e da Caridade, proporcionar aos catequistas a experiência profunda com Jesus Cristo, Caminho, Verdade e vida;

5. Possibilitar aos catequistas e catequizandos a descobrirem, na Sagrada Escritura, os lugares da experiência e do encontro de Jesus com as pessoas;

6. Fomentar e fortalecer a Animação Bíblica, como itinerário de crescimento e amadurecimento na fé que leva a um compromisso comunitário, impulsionando para a missão;

7. Investir na criação dos círculos bíblicos e grupos de reflexão, onde ainda não existe, como espaço do encontro pessoal e comunitário com a Palavra;

8. Intensificar a catequese com adultos, com especial atenção à iniciação cristã.

Conclamamos a todos os catequistas e animadores dos círculos bíblicos, a abraçarem com alegria e entusiasmo a missão de fazer ecoar a Palavra de Deus em todos os cantos do nosso
querido país.


Dom Eugênio Rixen
Presidente da Comissão Episcopal
Pastoral para a Animação Bíblico - Catequética

Fonte: Universo Católlico

A fé e os ateus

Dom Sinésio Bohn
Bispo de Santa Cruz do Sul

A revista IstoÉ (25/02/2004) traz o estudo do governo britânico para colocar o ateísmo como disciplina escolar. Lembra a opinião do filósofo Bertrand Russel de que a concepção de Deus é “bastante inválida para homens livres”. Além disso, para o pensador, “as religiões não só prejudicam, como são falsas”.

Lembro-me de um fato contado pelo falecido Dom Luís De Nadal, bispo de Uruguaiana e piloto de avião. Certa vez, Dom Luís viajava de Porto Alegre a Passo Fundo. A seu lado ia um senhor culto que lhe disse: “Sou ateu. Não acredito em Deus, nem participo de nenhuma atividade religiosa”. De repente o piloto avisou: “Há pane no avião. Faremos uma descida de emergência. Rezem para que encontremos lugar adequado para o pouso”. Nosso ateu pediu a Dom Luís: “Por favor, absolva-me de meus pecados. Creio em Deus, sim”.

No Brasil os ateus como o do avião somam cerca de 13 milhões. São de fato “agnósticos”, isto é, sem religião, não comprometidos com nenhuma fé. Este número está em ascensão.

Diante deste fenômeno, antes de condenar os “incréus”, as religiões devem fazer um exame de consciência. Pessoas religiosas dando apoio a atos de violência, justificando até guerras, segundo João Paulo II, “blasfemam contra Deus”. Ou, como diz o Catecismo Católico, “mais escondem do que manifestam o rosto autêntico de Deus e da religião” (nº 2125).

As pessoas tidas como religiosas, que não defendem os direitos humanos, não promovem valores da paz, da solidariedade e de uma civilização do amor, mas que vivem de forma individualista e formalista, de fato falseiam o cristianismo.

Doutro lado, o conhecido teólogo francês Jean Danielou observou: “O homem de hoje conhece tudo, todavia não se conhece a si próprio, que é mais que tudo”. O comunismo ateu eliminou milhões de seres humanos, usando como critério a conveniência do poder. Sem referência ao absoluto, o que tem sentido, o que tem valor? Um vago humanismo sem Deus é verdadeiro humanismo? A ética sem Deus não se reduz facilmente à defesa dos próprios interesses? Num mundo sem escala de valores, o que ainda faz sentido?

Deus existe. Em Jesus Cristo, pela graça, a pessoa atinge sua plenitude. Fica mais gente, mais humana. Sabe-se amada, insere-se numa comunidade de pessoas, sem perder sua individualidade. Torna-se, segundo o apóstolo Pedro, “pedra viva” de um povo, cuja lei é o amor. No seu íntimo vive o Espírito formando e consolidando seu coração. Sua mola propulsora é a fé, que é dom, não obrigação. E a firmeza em Deus gera a esperança, a alegre esperança dos filhos de Deus. É muito bom crer em Deus!

Disponbilizado pela CNBB em 4/3/2004

Fonte: Universo Católico

Jejum e abstinência

O Povo de Israel Jejuou e fez penitência, como preparação para a primeira ceia pascal, antes da passagem do Anjo Exterminador.

Esta prática do Jejum e Abstinência, normalmente é um técnica temporária com a especial finalidade de um aumento na vida espiritual pela mortificação, segundo as prescrições da Igreja e a orientação da Conferência Episcopal.

Na Sagrada Escritura, entendia-se por Jejum, não comer, nem beber (e abster-se da vida conjugal) por determinado período, normalmente, de vinte e quatro horas (por exemplo do nascer do sol até outro nascer do sol).

É importante que fique bem claro que a primeira razão da Sagrada Escritura para o Jejum, não era :

* Nem a técnica de iniciar uma aventura ascética;

* Nem a técnica de adquirir um "diferente estado de consciência";

* Nem a técnica de induzir as pessoas em experiências de ordem "psicológica".

O que a Sagrada Escritura pretendia positivamente era fazer as pessoas admitir que as necessidades humanas estavam dependentes de Deus.

Isto significa que o Jejum não consiste em parar com uma coisa que é automática (autocontrole), e esperar por Deus.

A sensação da fome atua como uma constante lembrança de que se deve ouvir a voz de Deus, na prática de orações litúrgicas e através de celebrações e leituras da Sagrada Escritura ;

- Ele fez-te sofrer e passar fome; depois, alimentou-te com esse maná que tu não conhecias e que os teus pais também não conheceram, para te ensinar que o homem não vive somente de pão mas de tudo o que sai da boca do Senhor. (Deut. 8,3).

Portanto Jejuar não é apenas estar disposto a enfrentar e aceitar a fome ou fraqueza como renúncia às provisões, mas sobretudo a aceitar a vontade e soberania do Provedor; Jejuar é como uma parábola viva ou uma "linguagem personificada" de quem torna visível ou exterioriza uma necessidade interior da Providência de Deus.

Eis alguns exemplos da necessidade de Deus :

* - Na guerra entre Israel e Benjamim, os Israelitas consultaram o Senhor dizendo :

- Quem de nós subirá primeiro para pelejar contra os benjaminitas? O Senhor respondeu-lhes : Judá irá adiante. (Juiz.20,18).

* - Na consternação dos Judeus, tudo foi resolvido com Jejuns :

- Jejuaram choraram e fizeram lamentações e muitos deitavam-se sobre a cinza vestidos de sacos.(Est.4,3).

- Vai reunir todos os judeus de Susa e jejuai por mim sem comer nem beber durante três dias e três noites.(Est.4,16).

* - No caso de Acab e a vinha de Nabot, depois do seu crime Acab jejuou e foi perdoado :

- Acab rasgou as suas vestes, cobriu-se de saco e jejuou{...}, já que assim procedeu, não o castigarei durante a sua vida...(1 Reis 21,27).

* - Depois do crime de David e Urias, o menino que nasceu foi ferido e David fez penitência :

- David orou ao Senhor pelo menino; jejuou e passou a noite em sua casa prostrado por terra, vestido de saco. (2 Sam. 12,16).

A chave em cada momento é a dependência do amor de um Deus que é fiel à Sua promessa e atua.

A vida de Jesus exprime o epítome da nossa dependência de Deus.

Os seus 40 dias de Jejum, entendidos à luz de Moisés (Êx.34,28), e de Elias (1 Reis 19,8), exprimem a inauguração da Sua missão Messiânica que começa com a Sua completa submissão ao amor do Pai.

A Sua vontade e a Sua missão, são as do Pai.

A missão de Jesus de anunciar e de trazer o Reino de Deus começa com a Sua completa entrega ao Pai em amor, pelo Jejum.

As nossas necessidades concretas, corporal e espiritualmente, são parábolas vivas de uma profunda necessidade de viver no Reino de Deus.

Jejuar não é apenas uma expressão corporal da necessidade de Deus: a sua prática é o caminho que nos conduz à realidade do Reino de Deus.

Como Jejum entende-se normalmente tomar apenas uma refeição durante o dia.

Mas segundo a disciplina da Igreja, pode tomar-se uma refeição normal (por exemplo o almoço) e outros duas refeições mais leves que, no total não ultrapassem a quantidade da refeição principal.

Dias de Jejum.

Segundo a lei da Igreja são estes os dias de Jejum :

- Quarta-Feira de Cinzas e Sexta-Feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Cân. 1251).

Quanto às pessoas que estão obrigadas ao Jejum :

- À lei do Jejum estão sujeitos todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos. (Cân. 1252).

Dias de Abstinência.

O preceito da Abstinência refere-se ao não comer carne nos dias determinados pela Igreja :

Cân.1251. - Guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as Sextas-Feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pode haver alterações locais, segundo as determinações da Conferência episcopal, (cf. Cân. 1253).

O Jejum e a Abstinência andam sempre ligados no mesmo caminho de penitência e fazem parte do Quarto Preceito da Igreja, sobre o qual nos recomenda o Catecismo da Igreja Católica :

2043. - O Quarto preceito ("Guardar a abstinência e jejuar nos dias marcados pela Igreja"), assegura os dias de ascese e de penitência que nos preparam para as festas litúrgicas; o jejum e abstinência contribuem para nos fazer adquirir o domínio sobre os nossos instintos e a liberdade de coração.

O Jejum e a Abstinência fazem parte do espírito de penitência recomendado pela Igreja e prescrito pelo Direito Canónico :

Cân. 1249. - Todos os fiéis, cada um a seu modo, por lei divina têm obrigação de fazer penitência; para que todos se unam entre si em alguma observância comum de penitência, prescrevem-se os dias de penitência em que os fiéis de modo especial se dediquem à oração, exercitem obras de piedade e de caridade, se abneguem a si mesmos, cumprindo mais fielmente as próprias obrigações e sobretudo observando o jejum e a abstinência, segundo as normas dos Cânones...

O Jejum e a Abstinência fazem parte da Penitência Quaresmal.

Fonte: Universo Católico

Rosário: prece que santifica a alma

Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana

O Rosário abre-nos todos os tesouros de Deus. Quem reza com verdadeiro espírito de fé e de piedade o seu Terço ou todo o Rosário, se transforma e caminha firme nas sendas da perfeição evangélica.

Seria ir contra a doutrina dos papas, o exemplo dos santos e leigos proeminentes, a tradição popular e a moderna psicologia, menoscabar tão excelente forma de oração. O renomado médico João Mohana focalizou com maestria os aspectos libertadores do terço, mostrando que, além de levar à tranqüilidade, “descentraliza do problema, ao mesmo tempo que nos faz convergir para Jesus Cristo, onde está a resposta, a solução”. De fato, não apenas enquanto se sai de si mesmo para contemplar a bondade divina, o sofrer redentor do Filho de Deus, as expectativas além-túmulo, mas ainda enquanto, através de Maria, se transfere para a potencialidade do Todo-Poderoso tudo que angustia e deprime o coração. Reverdeja-se então a mente e bimbalham os sinos da esperança mais fagueira dentro do devoto da Virgem Santa. O supracitado autor lembra uma outra faceta importantíssima: o terço como antídoto aos males da família e como abertura ao diálogo. Diz ele, “o terço pode vacinar muitos casais contra certos bloqueios ao diálogo, devido a própria maneira como é rezado a dois. Ainda que o clima conjugal não esteja plenamente satisfatório, se houver o hábito do terço com toda a certeza ambos superarão o indesejável descompasso. A concentração nos mistérios de Cristo, despolarizando do problema pessoal e do parceiro, mas iluminando-os, favorece o milagre”.

É por meio do Rosário que podemos alcançar do céu luzes para uma humanidade materializada, paz para um mundo conturbado, felicidade para quantos estão longe da verdade.

É que, como belamente mostrou o papa Paulo VI, “para o homem contemporâneo, não raro atormentado entre as angústias e a esperança, prostrado mesmo pela sensação das próprias limitações e assaltado por aspirações sem limites, perturbado na mente e dividido em seu coração, com o espírito suspenso perante o enigma da morte, oprimido pela solidão e, simultaneamente, a tender para a comunhão, presa da náusea e do tédio, a bem-aventurada Virgem Maria, contemplada no enquadramento das vicissitudes evangélicas em que interveio e na realidade que já alcançou na Cidade de Deus, proporciona-lhe uma visão serenadora e uma palavra tranqüilizante: a vitória da esperança sobre a angústia, da comunhão sobre a solidão, da paz sobre a perturbação, da alegria e da beleza sobre o tédio e a náusea, das perspectivas eternas sobre as temporais e, enfim, da vida sobre a morte”.

Quem reza o seu Terço tem um beatifico encontro com a Rainha, depara a salvação e dela obterá sempre a mais segura proteção, garantindo total assistência na hora da morte. Escola de santidade, pela energia transformante que transmite, o Rosário ativa a graça cristiforme do batismo e, ao fazer do cristão outro Cristo, lhe é arras da eterna salvação. Não se perderá jamais quem reza com piedade esta poderosa prece, fanal das maiores graças divinas.

Publicado pela CNBB em 22/10/2003

Fonte: Universo Católico

Quando começa a vida humana, afinal?

Quando você quer descobrir como consertar aquele barulhinho do motor do seu carro, a quem você procura? A um mecânico, ou a um jornalista?

Quando você deseja saber qual o melhor remédio para essa infecção que tá deixando todo mundo com medo, quem te passa mais credibilidade? Um infectologista, ou um apresentador da MTV?

Quando você deseja acionar na justiça uma empresa que recebeu mas não entregou, quem você prefere para lhe aconselhar? Um advogado ou um ator da novela das oito?

Certamente você dará preferência ao mecânico, ao infectologista e ao advogado.

Mas e quando você quer se instruir sobre o fato inicial da vida humana e tomar uma posição a favor ou contra a destruição de embriões humanos, a quem você busca? Tem muita gente por aí preferindo o jornalista, o apresentador da MTV e o ator da novela. Infelizmente. Nada contra eles, mas não são especialistas. Aliás, de um tempo para cá todo mundo se embestou a emitir opinião sobre esse assunto altamente técnico como se esses fatos fossem adaptáveis ao nosso campo de visão, como se tívessemos autoridade para tal. "A vida começa no 4º dia…no 18º dia…só depois que nasce…".

Pobres embriologistas, anatomistas, biólogos, autores de tratados médicos, nunca foram tão desprezados. A prova viva disso é a afirmação da Folha de São Paulo (!) abaixo:

"Nem a ciência nem a religião podem dar uma resposta satisfatória e universal sobre quando começa a vida -se na concepção, ao longo do desenvolvimento fetal ou no nascimento. A única alternativa é deixar que o direito estabeleça o ponto, que será necessariamente arbitrário. O conjunto dos cidadãos e cidadãs tem toda a legitimidade para fazê-lo". (Folha de São Paulo, Domingo, Abril 15, 2007)

Resta a Folha dizer exatamente qual ciência é essa que não está dando conta do recado, porque a ciência que eu pesquisei, dentro das maiores referências bibliográficas do assunto no mundo, já deram sim uma resposta muito bem dada e bem universal. Não parecem ter dúvida alguma. Ou vai ver não alcançaram ainda os critérios científicos de normas-padrão da imprensa brasileira.

Achei esse compêndio dentro da Universidade de Princeton e espero que seja útil para trazer um pouco de luz para o debate mais comprado e tendencioso por parte da mídia que já presenciei nos últimos anos.

Para quem tiver a paciência e a humildade de ouvir os maiores especialistas do mundo na área, segue abaixo suas opiniões extraídas de seus respectivos livros.

A vida humana se inicia na fertilização do óvulo com o espermatozóide

Tradução livre: Silvio L. Medeiros – http://culturadavida.blogspot.com

"O desenvolvimento do embrião começa no estágio 1 quando o espermatozóide fertiliza óvulo e juntos se tornam um zigoto" (Marjorie England, professor da Faculdade de Medicina de Ciências Clínicas, Universidade de Leicester, Reino Unido). [1]

"O desenvolvimento humano começa depois da união dos gametas masculino e feminino durante um processo conhecido como fertilização (concepção).
Fertilização é uma sequência de eventos que começa com o contato de um espermatozóide com um óvulo em sequência e termina com a fusão de seus núcleos e a união de seus cromossomos formando uma nova célula. Este óvulo fertilizado, conhecido como zigoto, é uma larga célula diplóide que é o começo, o primórdio de um ser humano" (Keith L. Moore, premiado professor emérito e cátedro da divisão de anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de Toronto, Canadá). [2]

"Embrião: um organismo no estágio inicial de desenvolvimento; em um homem, a partir da concepção até o fim do segundo mês no útero" (Ida G. Dox, autora sênior de inúmeros livros de refência para médicos e cientistas, premiada, trabalhou na Escola de Medicina da Universidade de GeorgeTown). [3]

"Para o homem o termo embrião é usualmente restrigido ao período de desenvolvimento desde a fertilização até o fim da oitava semana da gravidez" (William J. Larsen, PhD, Professor do Departmento de Biologia Celular, Neurologia e Anatomia, membro do Programa de Graduação em Desenvolvimento Biológico do Colégio de Medicina da Universidade de Cincinnati) [4].

"O desenvolvimento de um ser humano começa com a fertilização, processo pelo qual duas células altamente especializadas, o espermatozóide do homem e o óvulo da mulher, se unem para dar existência a um novo organismo, o zigoto" (Dr. Jan Langman, MD. Ph.D., professor de anatomia da Universidade da Virgínia) [5].

"Embrião: o desenvolvimento individual entre a união das células germinativas e a conclusão dos órgãos que caracteriza seu corpo quando se torna um organismo separado…No momento em que a célula do espermatozóide do macho humano encontra o óvulo da fêmea e a união resulta num óvulo fertilizado (zigoto), uma nova vida começa…O termo embrião engloba inúmeros estágios do desenvolvimento inicial da concepção até o nona ou décima semana de vida" (Van Nostrand’s Scientific Encyclopedia) [6].

"O desenvolvimento de um ser humano começa com a fertilização, processo pelo qual o espermatozóide do homem e o óvulo da mulher se unem para dar existência a um novo organismo, o zigoto" (Thomas W. Sadler, Ph.D., Departamento de Biologia Celular e Anatomia da Universidade da Carolina do Norte) [7].

"A questão veio sobre o que é um embrião, quando o embrião existe, quando ele ocorre. Eu penso, como você sabe, que no desenvolvimento, vida é um continuum…Mas penso que uma das definições usuais que nos surgiu, especialmente da Alemanha, tem sido o estágio pelo qual esses dois núcleos (do espermatozóide e do óvulo) se unem e as membranas entre eles se chocam" (Jonathan Van Blerkon, Ph.D., pioneiro dos procedimentos de fertilzação em vitro, professor de desenvolvimento molecular, celular da Universidade de Colorado, reconhecido mundialmente como o preeminente expert na fisiologia do óvulo e do espermatozóide) [8].

"Zigoto. Essa célula, formada pela união de um óvulo e um espermatozóide, representa o início de um ser humano. A expressão comum "óvulo fertilizado" refere-se ao zigoto" (Keith L. Moore, premiado professor emérito e cátedro da divisão de anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de Toronto, Canadá; Dr. T.V.N. Persaud é professor de Anatomia e Chefe do Departamento de Anatomia, professor de Pediatria e Saúde Infantil, Universidade de Manitoba, Winnipeg, Manitoba, Canadá. Em 1991, recebeu o prêmio mais importante no campo da Anatomia, do Canadá, o J.C.B. Grant Award, da Associação Canadense de Anatomistas) [9].

"Embora a vida seja um processo contínuo, a fertilização é um terreno crítico porque, sob várias circunstâncias ordinárias, um novo, genéticamente distinto organismo humano é por isso mesmo formado…A combinação dos 23 cromossomos presente em cada pró-núcleo resulta nos 46 cromossomos do zigoto. Dessa forma o número do diplóide é restaurado e o gênoma embrionário é formado. O embrião agora existe como uma unidade genética" (Dr. Ronan O’Rahilly, professor emérito de Anatomia e Neurologia Humana na Universidade da Califórnia) [10].

"Quase todos animais maiores iniciam suas vidas de uma única célula: o óvulo fertilizado (zigoto)…O momento da fertilização representa o ponto inicial na história de uma vida, ou ontogênia, de um indíviduo" (Bruce M. Carlson, M.D, Ph.D., pesquisador professor emérito da Escola Médica de Desenvolvimento Biológico e Celular). [11]

"Deixe-me contar um segredo. O termo pré-embrião tem sido defendido enérgicamente por promotores da Fertilização In Vitro por razões que são políticas, não científicas. O novo termo é usado para prover a ilusão de que há algo profundamente diferente entre o que não-médicos biólogos ainda chamam de embrião de seis dias de idade e entre o que todo mundo chama de embrião de dezesseis dias de idade. O termo pré-embrião é usado em arenas políticas – aonde decisões são feitas para permitir o embrião mais novo (agora chamado de pré-embrião) de ser pesquisado – bem como em confinados escritórios médicos, aonde pode ser usado para aliviar preocupações morais que podem ser expostos por pacientes de fertilização in vitro. "Não se preocupe", um médico pode dizer, "é apenas um pré-embrião que estamos congelando ou manipulando. Eles não se tornaram embriões humanos reais até que coloquemo-os de volta ao seu corpo" (Lee M. Silver, professor da célebre Universidade de Princeton no Departamento de Biologia Molecular e da Woodrow Wilson School of Public and International Affairs). [12]

Fonte: Universo Católico

Entenda o que é reprodução assistida

A ciência ética e a ciência experimental - médica ou biológica - são duas disciplinas muito distantes. A ciência experimental descreve fatos; a ética indica valores e normas segundo as quais é preciso agir. Não é fácil promover seu encontro. Mesmo assim, é preciso fazer isso, pois, como se sabe, na medicina experimental nasce uma série de problemas éticos. Deve-se agir como uma costureira: o fio e a agulha são duas coisas bem diferentes, mas, para costurar, precisamos das duas coisas. O segredo está no buraco da agulha, no qual se põe o fio.

Para tratar dos problemas de bioética, é necessário fazer com que esses problemas encontrem a antropologia. Sendo assim, propomos um método que podemos chamar triangular. Em primeiro lugar, devemos descrever os fatos científicos tal como se apresentam. Em seguida, devemos nos perguntar que peso esses fatos têm sobre o homem, sobre seus valores e sua pessoa. Esse é o buraco da agulha em que se deve pôr o fio. É a partir do problema antropológico que se pode tratar também da ética.. Depois de enfrentar o problema antropológico, que é central, devemos identificar o que não é lícito e explicar por quê. Esse, portanto, é o método, exposto em poucas palavras: aspecto científico, aspecto antropológico e aspecto ético.

Comecemos pela descrição da procriação artificial ou reprodução assistida.

Inseminação artificial

Várias etapas introduziram essa nova tecnologia. A primeira delas foi a inseminação artificial. Depois de algumas experiências feitas com animais no século XIX, na década de 1930 fizeram-se as primeiras experiências com o homem. As primeiras inseminações artificiais foram feitas na Itália, em 1934, na Universidade de Bári.

Como diz a expressão, inseminação artificial significa inserir o sêmen no corpo da mulher por meio de uma transferência feita artificialmente, mediante uma seringa, por via transabdominal, ou mediante um catéter, por via transvaginal. Com esse procedimento, pretendem-se superar algumas das causas de infertilidade encontradas em homens e mulheres.

Essa transferência artificial pode ser feita de duas maneiras. Quando o sêmen é do esposo, trata-se de inseminação homóloga; quando ocorre infertilidade também do esposo, a inseminação é feita com o sêmen de outro homem, e se chama heteróloga. A passagem para a inseminação heteróloga é uma situação dramática, com a constituição daquilo que veio a se chamar “banco de sêmen”. O sêmen é comprado ou preservado de um doador. Realizam-se testes para ter certeza de que não está infectado por bactérias ou outros microorganismos, mas esses exames são simples e superficiais: nunca se fazem exames genéticos sobre os espermatozóides. Isso significa que, por meio da inseminação heteróloga, podem-se transmitir doenças infecciosas ou até mesmo a aids, como já ocorreu.

A inseminação artificial foi condenada já pelo papa Pio XII, que, em discursos de 1953 e 1957, fez distinção entre a inseminação artificial propriamente dita, na qual se transfere o sêmen para o útero da mãe, e a intervenção feita no corpo da mulher ou do homem antes da relação natural para facilitar a capacidade de fertilização de um ou do outro, por meio de remédios próprios em doses apropriadas. Quando a mulher não tem ovulação suficiente, podem-se ministrar hormônios, e isso não é inseminação artificial, mas ajuda à fertilidade. Da mesma forma, quando os espermatozóides do homem são poucos ou não têm força ou não se movem o suficiente, pode-se intervir com alguns tratamentos. A ajuda que se dá ao homem ou à mulher antes do ato conjugal é uma ajuda lícita. A substituição do ato conjugal é que não é lícita - depois vamos explicar por quê.

Uma segunda técnica de fecundação artificial constitui-se de transpor os dois gametas - o óvulo e o sêmen - para dentro do corpo da mulher. A isso se chama transferência dos gametas para dentro das trompas. Depois de provocar a ovulação, usa-se uma seringa para aspirar dois óvulos; em seguida, aspira-se uma bolha de ar e, então, os espermatozóides previamente preparados, usando a mesma seringa. Separados pela bolha de ar, os dois óvulos, às vezes três, são inseridos numa trompa e se encontram com os espermatozóides dentro do corpo da mulher. Pode ocorrer que nenhum óvulo seja fecundado. A porcentagem de casais que conseguem a gravidez por meio dessa técnica é de cerca de 25%. Às vezes, pode acontecer que sejam fecundados e gerados dois, três, quatro embriões, podendo esse número chegar até seis. Nesses casos, algumas vezes se propõe o aborto seletivo de alguns dos embriões, a chamada redução embrionária, pois a mulher não consegue levar adiante a gestação de todos os embriões juntos. Ou seja: primeiramente, estimula-se a mulher a produzir óvulos, depois ela recebe esses óvulos e, uma vez produzidos os embriões, alguns são mortos porque são demais. Percebe-se como os problemas éticos se mostram cada vez mais graves.

Fecundação in vitro

Uma terceira técnica de fecundação artificial é a fecundação extra-corpórea, realizada em laboratório: é o bebê de proveta, como se costuma chamar, ou FITE(fecundação in vitro com transferência de embriões). Primeiramente, a mulher é submetida a estimulação hormonal maciça, para que produza de uma só vez entre oito e dez óvulos. Como se sabe, a mulher produz, em média, um óvulo a cada trinta dias. A estimulação hormonal já é um problema médico e ético, pois pode acarretar uma série de complicações. A síndrome por hiperestimulação pode produzir também alguns óvulos. Depois, preservam-se esses óvulos, que não sabemos se são maduros e sadios, pois foram produzidos forçadamente. Eles são levados para o laboratório numa pequena bacia, que deve conter um líquido semelhante ao que se encontra nas trompas da mulher. Pesquisadores levaram muitos anos para descobrir qual era o terreno propício de cultura para manter esses óvulos vivos. No meio de cultura, os óvulos são aproximados dos espermatozóides. Os espermatozóides vêm do banco de sêmen, onde são guardados, congelados, a 190º abaixo de zero. É importante dizer isso, pois o congelamento pode provocar danos. Eles são aquecidos até a temperatura de 37º, que é a temperatura do corpo, e aproximados dos óvulos. Então ocorre a fecundação fora do corpo humano.

Esse procedimento permitiu a biólogos e a pesquisadores observarem de perto o que significa a origem da vida. Até então, esse fato acontecia de forma misteriosa, oculta na intimidade do corpo da mulher. Aqui começam as complicações, pois quase todos os embriões fecundados são selecionados por meio do microscópio. Escolhem-se os que parecem, ao olhar do técnico, mais robustos. Os que parecem mal formados são descartados. É preciso dizer que esses embriões são seres humanos, são filhos.

Depois de feita a fecundação, os embriões são transferidos para as trompas. Nessa passagem da proveta ao corpo da mulher, perdem-se muitos embriões. Imaginemos que o primeiro não pegue, o segundo também não: às vezes gastam-se todos os embriões e nenhum deles pega e, no mês seguinte, é preciso realizar um novo procedimento, pagando-se evidentemente o mesmo valor da primeira vez. Quando o embrião pega e começa a gravidez, os embriões que não foram transferidos para o corpo da mulher são congelados e chamados de embriões supranumerários. Pela primeira vez, seres humanos vivos são congelados e chamados de surplus.

Nós, que conhecemos muitas crueldades no século passado, como as que ocorreram contra os vietnamitas ou nos campos de concentração nazistas, estamos agora diante de um outro tipo de crueldade. Cada embrião vale tanto quanto qualquer um de nós, mas são congelados e mantidos vivos nesse estado. No mundo, hoje, existe mais de um milhão desses seres humanos congelados, e ninguém sabe dizer o que deve ser feito com eles. Na Inglaterra, depois de cinco anos, eles são destruídos; na França, parece-me que isso ocorra depois de dois anos. Alguns dizem: vamos usar esses embriões para experimentação. Mas fazer experiências com seres humanos vivos é proibido por todas as leis internacionais depois do processo contra o nazismo, em Nuremberg. O código de Nuremberg proíbe a experimentação com seres humanos vivos que não tenham condição de dar seu consentimento a esses experimentos. Mas em muitos países, como, por exemplo, a Inglaterra, os embriões congelados já são entregues aos laboratórios para experimentação.

Dissolução da maternidade e da paternidade

Mais uma observação técnico-científica cheia de conseqüências éticas. Foi elaborado um levantamento estatístico a partir dos dados de todos os centros de fecundação extra-corpórea. A primeira pesquisa foi feita há mais de dez anos e repetida recentemente, com os mesmos resultados. De cada cem embriões feitos em laboratório, somente 5 chegam vivos aos braços da mãe. Os outros se perdem ou são congelados - e, assim, também são perdidos. Nenhum ato médico, nenhum ato cirúrgico seria permitido se tivesse uma perspectiva tão grande de erro. Que cirurgião faria uma cirurgia na qual 95% dos pacientes têm possibilidade de morrer?

Existem outras complicações a serem observadas. Há casos em que uma mulher que quer ter um filho não apenas precisa do óvulo emprestado por outra mulher e do espermatozóide tomado de seu marido ou de outro homem, mas precisa também alugar o útero de outra mulher, porque, por exemplo, passou por alguma cirurgia. Dessa forma, temos uma pluralidade de maternidade: há a mãe genética, que doa o óvulo, a mãe gestatória, que ofereceu o útero - a chamada “mãe de aluguel” -, e a mãe social, à qual a criança é entregue. Houve casos de mulheres que alugaram o útero e depois não entregaram a criança, por descobrirem que aquele filho fazia parte da vida delas.

Igualmente, é possível ter também dois pais. O pai genético, cuja identidade muitas vezes é desconhecida, é aquele que doa os espermatozóides. Uma doação de sêmen pode fecundar centenas de mulheres; portanto, o doador anônimo pode ter centenas de filhos espalhados pelo mundo. Esse doador quer ser protegido pelo segredo, que não é aceito em alguns países, pois, quando nasce uma criança doente, é preciso chegar ao pai para identificar corretamente a doença. Nos países em que não existe anonimato, as doações de sêmen já diminuíram muito.

A tudo isso podemos chamar dissolução da maternidade e da paternidade. Já não existem um pai e uma mãe, mas vários pais e várias mães, e o filho nunca descobrirá quais são seu pai e sua mãe de verdade.

A partir dessa situação desenvolveu-se um comércio. Não direi aqui quanto se paga aos biólogos e aos ginecologistas pela fecundação, pois é um tema muito grave. Mas posso dizer que há quem organize esse comércio e se proponha a encontrar óvulos de mulheres bonitas - altas, loiras, de tipo nórdico, por exemplo. Já se constituiu um banco de sêmen de Prêmios Nobel. Quando se aluga um útero, faz-se um contrato, e existe até uma agência intermediadora. A tudo isso chamamos comercialização do corpo humano.

E existe, enfim, uma outra técnica , ainda pior que todas as descritas até aqui: ela se chama clonagem. Na clonagem, não apenas não ocorre a fecundação natural, mas faltam também os dois gametas que trazem a herança genética do pai e da mãe. O que se doa é a célula de um único corpo, tomando o patrimônio genético de apenas um doador, que pode ser homem ou mulher.

Quando começa a vida humana

Neste momento, faz-se necessário passar à discussão antropológica. Em outras palavras, quais são os valores humanos que se põem em discussão quando se fala na procriação artificial.

O primeiro valor posto em discussão é a vida do embrião. O embrião, em quase todas as técnicas, está exposto ao risco de morrer. Como já disse, na fecundação extra-corpórea apenas 5% dos embriões permanecem vivos. Assim, várias questões se impõem: qual é o valor do embrião humano? Qual é o seu estatuto, a sua identidade humana? Ele é um ser humano ou qualquer outra coisa? Se é um ser humano, tem o mesmo valor de qualquer outro ser humano ou tem um valor menor? Todos sabem quais são as respostas da razão científica e da razão filosófica natural.

No momento da fecundação, no momento em que o espermatozóide entra no óvulo, cria-se um outro ser humano, com um patrimônio genético diferente daquele do pai e da mãe, que contém toda a força necessária para seu desenvolvimento sucessivo: todas as características corporais, o poder de construir as células de que precisa para seu desenvolvimento, o projeto segundo o qual poderá deslocar essas células e construir os órgãos, etc. E o processo acontece sem soluções de continuidade e sem soluções de qualidade, ou seja, é sempre o mesmo sujeito, o mesmo patrimônio genético e individualizado, desde a concepção até o nascimento.

Lembro-me de que há alguns anos, numa discussão no comitê nacional de bioética italiano, alguém quis fazer distinção entre embrião e pré-embrião. O pré-embrião seria o embrião antes de se instalar no corpo da mulher, antes de 14 dias, segunda o que foi sugerido pela comissão inglesa. E me lembro de que alguns membros do comitê disseram: “Tragam-nos os manuais de medicina usados nas faculdades do mundo inteiro e encontrem um em que se fale de pré-embrião, no qual se diga que, desde a concepção até o nascimento, não é o mesmo sujeito que se desenvolve”. No entanto, neste momento, há quem queira impor essa opção feita pela Comissão Warnock, da Inglaterra, uma escola utilitarista, como se costuma dizer. Essa Comissão diz claramente que não é possível fazer uma distinção entre o momento da fecundação e o resto da vida procriada, mas, mesmo assim, propõe que até o 14º dia o embrião seja considerado de valor inferior ao embrião com mais de 14 dias, e se chame pré-embrião. Quais são as razões dessa discriminação dos primeiros 14 dias? São três, mas nenhuma delas se sustenta do ponto de vista racional.

Alguns dizem que quando o embrião ainda não foi implantado no útero da mulher, e portanto não está sendo alimentado pela mãe, não há certeza de que possa prosseguir em seu desenvolvimento. É claro que uma criança recém-nascida que não é alimentada pela mãe morre. Mas não é a alimentação que produz a criança, portanto não é a implantação que faz do embrião um ser humano. A implantação faz com que o embrião cresça e se desenvolva. Nos primeiros dias, o embrião se alimenta daquilo que encontra no óvulo fecundado, e depois de implantado é alimentado pelo corpo da mulher. Mas já está ativo, já existe.

Outros dizem que até os 14 dias ainda não se formaram os sinais do que será o cérebro: enquanto não existem os fios neurológicos, não existe cérebro. Mas vocês sabem que o cérebro se desenvolve porque o embrião o faz desenvolver-se. O cérebro do feto não se desenvolve graças ao cérebro da mãe, mas a partir dos genes que estão dentro do embrião, desde o primeiro momento da fecundação.

Outros, enfim, dizem que o embrião, depois de implantado, pode vir a se dividir em dois: portanto, se pode se dividir em dois, ainda não temos certeza sobre sua identidade. Mas, na ocorrência de gêmeos, a divisão do embrião não destrói o primeiro embrião; separando-se, algumas células se tornam um outro embrião. O primeiro embrião continua o mesmo e o segundo embrião segue em seu desenvolvimento. Temos, então, o dobro de motivos para defendê-los, pois são dois embriões.

Essas três razões são razões instrumentais. O próprio relatório da Comissão Warnock diz isso, ao explicitar que quer favorecer a pesquisa com embriões, dando ao cientista a liberdade de manipulá-los.

Essa postura vai contra a humanidade, contra o direito dos embriões à vida. A Igreja, em seus documentos de 1987 e 1995, afirma que desde a fecundação o embrião é um ser humano, e como tal deve ser respeitado. A personalidade psicológica e social começa a ser criada depois do nascimento, mas a dignidade de pessoa existe desde quando começa a vida do ser humano. Devemos insistir sobre esse ponto de maneira decidida e firme, para que não comece a se impor a partir daqui uma discriminação entre os seres humanos.

Lutamos contra a discriminação entre brancos e negros, entre pobres e ricos, formas de discriminação que poderíamos chamar horizontais. Não podemos permitir que se imponha a discriminação vertical dentro do próprio ser humano. Cada um de nós, aqui presente, pode dizer: “Eu tinha desde o primeiro dia o mesmo valor que tenho hoje”. Ninguém pode eliminar esse uso da razão. E ao defender o embrião nós defendemos a humanidade presente em todos os homens e em todas as partes do desenvolvimento do ser humano.

Este primeiro dado antropológico significa, do ponto de vista ético, dizer não a todas as formas de fecundação que ponham em risco a vida do embrião.

Caráter pessoal da procriação

Mas há um outro valor antropológico posto em crise pela fecundação artificial, que é o valor do matrimônio e da família, ou, como disse antes, o valor da paternidade, da maternidade e da filiação. Quando a paternidade é de dois pais, ou a maternidade, de três mães, já não há um pai e uma mãe, o conceito de paternidade é destruído e está destinado a desaparecer. Um filho chamado à vida tem direito de ter um pai e uma mãe, de realizar seu desenvolvimento comparando-se e deparando-se com o pai e com a mãe e de ser educado e ter seu caminho facilitado na família e dentro do casamento. Foi a partir desse raciocínio que, na Itália, por exemplo, conseguimos proibir a fecundação assistida, ao menos a heteróloga. Na mesma lei italiana proibiu-se o congelamento de embriões, uma vez que a Constituição da Itália reconhece o direito à vida e o direito à família fundada no matrimônio. A lei italiana ainda não é perfeita, não é a lei que a Igreja gostaria de ter, mas é uma das mais rigorosas e, pelo menos, preserva alguns valores.

O terceiro valor posto em discussão por todas as formas de inseminação artificial, até mesmo pela homóloga, é o caráter pessoal da procriação e da geração. Gerar um filho não é uma ação técnica, é uma ação do pai e da mãe. É a união entre o esposo e a esposa, um dom da própria pessoa à outra pessoa que constitui a paternidade e a maternidade e faz com que nasça o filho, o dom que nasce do dom do amor do pai e da mãe. Essa é a verdadeira maternidade, a verdadeira paternidade, a verdadeira procriação. Não se pode delegar a paternidade a um técnico de laboratório ou a um comerciante de óvulos. A paternidade e a maternidade são atos pessoais, os mais pessoais que existem.

Nós, homens, podemos desenvolver três tipos de atividade. Existe um conjunto de atividades que ocorre em nós sem a nossa participação: são as atividades involuntárias do nosso organismo, como a nutrição, a circulação do sangue, a respiração. Não temos controle sobre elas, mas temos uma responsabilidade indireta, pois devemos conservar nossa vida saudável.

Outro tipo de atividade é aquele controlado por nossa vontade, que indicamos com os verbos construir, produzir, fazer. A humanidade desenvolveu objetos desde a idade da pedra lascada até a era dos aviões e naves espaciais, desenvolveu tecnologias que ampliam o sistema sensorial, a visão, a audição, as potencialidade do cérebro. Mas nenhum desses objetos, nenhum desses produtos, nenhuma dessas máquinas pode ser comparada à dignidade de um único sujeito. Um sujeito vale infinitamente mais do que todos os objetos que ele ou outro sujeito produziu.

Mas o homem tem a capacidade de realizar também outro tipo de atividade, uma atividade que vale muito, não porque constrói objetos, mas porque manifesta a vida do sujeito. Neste momento, falando, manifesto a mim mesmo e aos meus pensamentos. No dizer de Santo Agostinho, por meio da palavra um pedaço da minha alma passa do meu sujeito para o seu sujeito. As coisas mais maravilhosas da sociedade, a convivência, os amigos, o amor nascem da relação entre sujeitos e não com objetos.

A qual dessas atividades pertence a procriação? Dissemos que não é uma atividade apenas orgânica, como a alimentação ou a diálise renal; também não é apenas uma questão de bioquímica, nem a construção de um objeto - mesmo que, na procriação artificial, se queira produzir um sujeito humano como se fosse um objeto feito em laboratório.

O nascimento do sujeito filho é o resultado da doação de todo o sujeito mãe e de todo o sujeito pai. É dessa doação total que se gera a vida. Devemos aplicar aqui, de maneira analógica, as palavras do Credo. O filho não é feito, mas gerado, e é gerado pelo amor do pai e da mãe: essa é a única geração digna da criatura humana. Sem contar o fato de que, no momento da fecundação, também Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – se compromete para dar alma ao ser novo que está começando sua vida. Deus Pai pensa para sempre - em seu pensamento, que é o Filho -, ama para sempre - em seu amor, que é o Espírito Santo -, pensa e ama para sempre a nova criatura, que, por ter uma alma espiritual doada por Deus, viverá para sempre.

Essa criatura que é chamada à vida, e a uma vida que durará para sempre, essa criatura que é dom de Deus e dom do pai e da mãe deverá ser defendida em seu direito a nascer dentro de um ato de amor. O filho que nasce de proveta não tem, ele mesmo, nenhuma culpa por isso. Tem direito a todo respeito e pode ser batizado como qualquer um de nós, se os pais o pedirem a partir da fé cristã depois de terem pedido perdão a Deus por tê-lo gerado de maneira errada. É o mesmo direito a serem batizados e alimentados que têm todos os filhos que nascem dentro de uma violência. Mas a maneira digna de ser gerado é ser gerado como fruto e sinal do amor paternal e maternal.

Dom Elio Sgreccia, bispo, é vice-presidente da Pontifícia Academia para a Vida, diretor do Centro de Bioética da Universidade Católica Sacro Cuore, de Roma, membro do Pontifício Conselho para a Família e do Comitê Nacional de Bioética da Itália. É autor do Manual de Bioética, em 2 volumes (São Paulo, Loyola, 1996-1997).

Fonte: Universo Católico